A minha filha nasceu pouco antes do Natal. E eu nunca fui pessoa de resistir aos mimos natalícios, que absorvia (absorvo...) sob a forma de bolo rei, rabanadas, sonhos, fios de ovos e chocolates vários. Eu não tenho o gene das estrelas de cinema e, portanto, tinha muita fome durante a amamentação. E amamentei quase seis meses. É isso mesmo que estão a pensar: passei seis meses com fome. E a comer para não ter fome, obviamente. Resultado: os quilos que ganhei durante a gravidez e perdi durante o parto foram rapidamente recuperados e realojados: em vez de estarem na barriga instalaram-se nas ancas. E foram ficando.

Como sempre quis ter mais um filho (pelo menos), fui deixando andar: quando voltasse a ser mãe logo me preocuparia em voltar ao meu peso inicial. Fui mãe novamente. Quando engravidei pesava o mesmo que pesava com nove meses de gravidez da minha primeira filha. Coisa linda...

O meu filho nasceu... pouco depois do Natal. Andei anos a dizer que nem pensar em ter filhos no Natal (por causa da minha falta de controlo sobre a gula!). Pimbas... toma lá um filho previsto para meados de Janeiro. Mais uma vez, fui uma grávida exemplar. Engordei oito quilos... até ao Natal. No último mês, culpa dos mimos natalícios, engordei quatro quilos. Um disparate. E depois o miúdo nasceu e, graças à ausência do tal gene das estrelas de cinema, voltei a passar cinco meses com fome e a comer para não ter fome. Portanto, pouco peso perdi... E fui deixando andar. Porque emagrecer dá trabalho e eu tenho o azar de ser uma rapariga que gosta de comer.

Entretanto veio mais uma gravidez. “Filhos no Natal?? Nem pensar!!”... Pimbas, toma lá um filho previsto para... 24 de Dezembro. Acontece que, graças à gravidez molar (que foi o problema que tive e que me fez ter que abortar), passei três meses enjoada e sem conseguir comer. Perdi sete quilos. Depois, no “parto”, foram mais dois. Nove no total. E ainda estou a quatro do meu peso A.G. (antes das gravidezes).

Acontece que sou uma mulher normal, não sou estrela de cinema nem socialite capa de revista. Não saí da sala de partos directamente para a marquesa de uma especialista em drenagens linfáticas. Não me deitei às mãos de nenhum cirurgião plástico daqueles que sobe mamas e elimina barrigas. Ando numa luta diária (há quase cinco anos - uma maçada, é o que é!) com a balança. Mas gosto de comer... e não gosto especialmente de me mexer. Entretanto o meu colestrol desatou a bater palminhas e precisa de ser controlado. Às vezes falta-me a motivação e a vontade e queria só sentir-me eu novamente. E queria ser saudável e ter um índice de massa corporal que não me mandasse parar de comer porcarias e começar a fazer exercício físico. Porque não é uma questão estética. Ou antes, não é apenas uma questão estética. É também, e principalmente, uma questão de saúde.

Mas com calma isto vai lá! Menos bolos, mais fruta, menos coca-colas e mais água e chá. Já não falta tudo e sei bem que quatro quilos não são impossíveis de perder. Só acho um bocado injusto que não sejamos todas a Heidi Klum que, quatro filhos depois e à beira dos quarenta, é aquele mulherão de ar saúdável e barriga lisa. Claramente, saiu-lhe o euromilhões da genética. Mas bem que esse prémio podia ter sido distribuído por mais algumas (muitas!) felizardas...

 

Lénia Rufino

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