Ter dois filhos com idades relativamente próximas é sinónimo de ter ajuda nos ensinamentos do mais novo. Os meus têm três anos e um mês de diferença. Nesta fase (ela tem quase seis, ele tem quase três), ela ensina-lhe tanto, mas tanto. Quando ela era da mesma idade, passava tudo por nós. Fomos nós que lhe ensinámos as letras, os números, as cores. Agora é ela que o ensina a ele. E ensina-lhe ainda mais porque, por não ter noção da diferença entre eles, acaba por lhe ensinar o que ela própria já vai aprendendo na escola.

 

É por causa da irmã que ele fala de maneira correcta e que diz tudo - ela também falava muito, mas não tinha o vocabulário que ele já tem. É por causa dela que ele se senta a fazer desenhos (e a riscar a mesa dele!) e diz que está a fazer os “tabalhos casa”. É por causa dela que ele já tem a noção de que há dias de escola e dias de “folga”. É por causa dela que ele sabe brincar.

 

Um irmão é mesmo o melhor presente que se pode dar a um filho. A cumplicidade deles é tão engraçada (aposto que daqui a uns anos, quando andarem a conspirar contra os pais, não lhe vou achar graça nenhuma, mas pronto), tão única que me faz lamentar ainda mais o facto de não ter irmãos.

 

Depois há o lado menos bom: se um faz um disparate, o outro vai a seguir e faz pior. Um diz mata, o outro diz esfola. Quando “asneiram” é em grande. Defendem-se. Se ralhamos com a mais velha, é normal vir o mais velho pedir para não ralharmos com ela. E remata “ela ´tava a bincar”.

 

Têm-se um ao outro, espero que sejam sempre amigos e que saibam sempre que o melhor amigo que poderão ter na vida é o irmão (e a pena que eu tenho de não ter irmãos… tanta, tanta!).

 

Lénia Rufino