A minha rapariga foi esta semana a (mais) uma visita de estudo. Andava há três dias a falar no assunto, ansiosa e expectante. Na véspera ameaçou constipação, andou a espirrar, sempre de lenço de papel em riste. E a preocupação dela era saber se podia na mesma ir à vista de estudo. Deixámo-la ir. Foi só um ameaço de constipação, nada preocupante para ela nem para os colegas. E a alegria dela foi essa, descobrir que não ficava para trás.

 

No dia da visita despachou-se mais depressa do que é costume, não empatou o pequeno-almoço, não molengou. Levei-a à escola com ela sempre a falar no mesmo. Assim que viu o autocarro achou que estava atrasada e começou a choraminguice. Depois lá percebeu que estava bem a tempo e passou. Desapareceu pelo portão adentro e nem olhou para trás. E eu… Bom, eu fiquei como ficamos todos os que temos estes pequenos passarinhos a ameaçar voos para fora do ninho: feliz por ela, ansiosa e preocupada. Porque nunca sabemos o que pode acontecer, temos sempre medo dos imprevistos e, mais ainda, de eventuais acidentes.

 

Passei a manhã a olhar para o relógio. Fui busca-la pontual e curiosa. Ela, super feliz, contou-me o passeio. O que viu, onde foram, como foi. Gostou muito – gostam sempre, não é? - portou-se bem, divertiu-se. Cresceu mais um bocadinho, naquelas horas em que esteve sem os pais num passeio numa cidade que não é a dela.

 

Acho que lhes faz bem ir voando assim, devagarinho e sem pressas. Acho que lhes faz bem ver mundo com outras pessoas que não apenas a família próxima. Faz-lhes bem o convívio com os colegas e com as educadoras fora daquele espaço habitual, que tem regras e tarefas definidas.

 

Porque os filhos, sendo nossos, não são só nossos; são do mundo. E o mundo precisa deles para andar para a frente… e eles precisam do mundo para além dos pais, para aprenderem mais, para crescerem mais, para se formarem como indivíduos que são. Só é pena que, para isto, nós, os pais, tenhamos que passar umas horas com o coração nas mãos… Mas faz parte, faz-nos bem e, mais importante ainda, faz-lhes bem a eles.

 

Lénia Rufino