Primeira gravidez, sabia lá eu o que eram contrações dolorosas! Portanto, a cada moínha, lá ia eu fazer uma visita às urgências. Depois a dança era sempre a mesma: fazer CTG, fazer toque e “vá para casa que isto ainda está muito atrasado”.

Estava ansiosa por conhecer a minha menina. Não tive uma gravidez maravilhosa (nem acho especial graça a estar grávida, mas isso é tema para outra crónica), mas também não sofri por aí além. Mas, às 38 semanas, já só queria ter a rapariga nos braços (com tudo o que isso poderia implicar: noites mal dormidas, cansaço e dúvidas). Estava em casa, de baixa, desde as 34 semanas e já estava farta de não fazer nada, a ansiedade já era grande e começava a ser difícil lidar com a espera.

O dia 1 de dezembro calhou a um sábado. Estava em casa dos meus pais, tínhamos combinado que seria eu a fazer o jantar (lasanha!). Às 19h30 rebentaram-me as águas e começaram as contrações. Agora sim, era a doer. E percebi a enorme perda de tempo que tinham sido as idas às urgências! Ao pé “destas” dores, as outras eram cócegas! Mantive a calma, fui fazer o jantar, jantei (já com contrações de cinco em cinco minutos) e só depois disso tudo é que fomos para o hospital. Claro que, assim que cheguei, ouvi um ralhete por ter esperado tanto tempo para me apresentar lá...

Internaram-me, deram-me a epidural (que não pegou) e o processo prolongou-se até às seis da manhã. Às seis e onze ouviu-se na sala aquele miado fininho de bebé acabado de nascer. Já era dia 2 e ela, a minha menina, tinha chegado linda e saudável. Depois... depois foi o enamoramento. Aquela bebé bonita era minha, era a concretização de um sonho. Apaixonei-me por ela e tem sido assim, um amor crescente, uma paixão assolapada, uma coisa visceral, de almas gémeas.

 

Lénia Rufino

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