A calamidade dos incêndios voltou a afetar Portugal este domingo, dia 15. Centenas de fogos assolaram várias zonas do país, vitimando cerca de 32 pessoas (balanço provisório).

Várias figuras públicas têm demonstrado a sua solidariedade para com os afetados e uma das mensagens que mais se destacou foi a do humorista Nilton.

“Cresci na zona do Pinhal - Proença-a-nova -, e todos os anos vi o fogo devorar-nos as serras num ritual assustadoramente rotineiro e previsível. Vinha o verão, com ele os fogos, os bombeiros e os aviões. Mas isto acontecia no final dos anos 80, início dos anos 90, e o que me faz verdadeiramente confusão é que em 2017 continue tudo igual, e não se consiga ter nem uma política de prevenção capaz, nem uma política de penalização eficiente”, começa por introduzir na sua página de Facebook.

E continua: “Estamos num estranho limbo onde as calamidades continuam a acontecer e não há nem culpados nem soluções. Pior, as instituições que nos deviam defender, como o Governo, a Proteção Civil, parecem baratas tontas que nunca viram um fogo e foram apanhadas desprevenidas pela primeira vez. Portugal é o gajo que se senta a ver o Titanic vezes sem conta e fica sempre admirado porque o barco foi ao fundo”, reflete.

Entretanto, o comediante questiona: “Somos um país de pirómanos malucos que andam a colocar fogos à doida ou há aqui razões económicas que ainda ninguém se deu ao trabalho de perceber ou coragem para enfrentar? Quem são os verdadeiros interessados nos fogos? Quem lucra? Um país de primeiro mundo não deveria já ter percebido porque acontece isto? Quando é que se vão dar ao trabalho de tratar este problema com a mesma velocidade com que se construíram os estádios para o Euro 2004? É quando já não houver merda nenhuma para arder?”

“Portugal é uma espécie de vítima de violência doméstica que todos os anos leva um enxerto de porrada, mas que continua a viver lá em casa e cada vez que leva novamente, fica extremamente admirado e sem perceber como é que isso aconteceu”, termina.