Um depoimento de José Sócrates sobre Eusébio no seu espaço de opinião semanal na RTP1 está a provocar um “tsunami” de comentários, quase sempre jocosos, nas redes sociais.

Nessa declaração, que já circula em vídeo a uma velocidade supersónica, o ex-primeiro-ministro confessa-se benfiquista e “grande admirador” do falecido futebolista “desde tenra idade” e conta um episódio marcante vivido na sua infância, teria ele 8 anos – precisamente a grande vitória de Portugal (5-3) no jogo contra a Coreia do Norte, no Mundial de 1966, com quatro golos de Eusébio.

Narrativa de Sócrates:

“Lembro-me que tinha saído de casa com Portugal a perder por 3-0 e fui ouvindo pelas ruas da Covilhã, enquanto ia para a escola, gritos de alegria, através das janelas (…), pelos golos de Portugal. E cheguei à escola e já Portugal ganhava – e foi uma explosão de alegria na escola.”

Tudo teria ficado por aqui, se um observador mais atento não tivesse ido consultar o calendário.

Surpresa das surpresas, esse investigador “picuinhas” descobriu duas coisas: que o jogo Portugal/Coreia foi disputado a meio da tarde de 23 de julho de 1966, um sábado, e que não podia haver escolas primárias abertas nesse dia, até porque as chamadas “férias grandes” começavam habitualmente em junho…

Esta simples revelação movimentou de imediato as hostes anti-socráticas nas redes sociais, que estão a rebolar-se de gozo.

“Pois é, o que nós precisamos mesmo para levantar este País é de homens como Sócrates – gente aplicada e estudiosa que não se recusa a ir para a escola primária aos sábados à tarde, em plenas férias, e que, muitos anos mais tarde, sacrifica os domingos para fazer exames universitários”, escreveu um dos comentadores.

Outro crítico, porventura mais generoso (ou não), tentou pôr alguma água na fervura fazendo notar que Sócrates, no seu depoimento, não disse que naquele sábado ia “para as aulas”, mas “a caminho da escola”.  

E, neste caso, “estando lá o edifício todo o ano”, abre-se a hipótese de Sócrates estar certo e de ter ido lá só para brincar com outros meninos ou numa singela “romagem de saudade”.