Muito se tem dito e escrito sobre a intervenção de Salvador Sobral durante o concerto solidário que decorreu esta terça-feira, dia 27, para ajudar as vítimas de Pedrógão Grande.

Durante a interpretação do tema vencedor do festival Eurovisão, ‘Amar Pelos Dois’, Salvador Sobral protagonizou um momento insólito, que não deixou ninguém ficar indiferente.

“Sinto que posso fazer qualquer coisa que vocês aplaudem. Vou mandar um peido para ver o que é que acontece", disse o artista na altura.

Entre as várias pessoas que não ficaram indiferentes à situação, Carlos Costa foi uma delas e fez questão de comentar o assunto nas redes sociais.

Apesar de “não serem amigos nem falarem todos os dias”, Carlos Costa conheceu Salvador Sobral durante o programa Ídolos, há oito anos, e não deixa de apoiar colega e de apreciar o seu talento.

Eu compreendo a frase o Salvador de ontem. Tentar desanuviar um bocado o ambiente, tendo em conta que era uma situação pesada, triste, depois desta situação dos fogos. Também alguma ironia dele porque infelizmente algumas estações só se lembram dos artistas quando querem usá-los para galas de solidariedade e etc, só que depois não se lembram deles para outras coisas….”, começou por dizer Carlos Costa, frisando o sentido de humor de Salvador, uma vez que “gosta de ser engraçado e de fazer as pessoas rir”.

No entanto, não deixa de achar estranha a intervenção do artista naquela noite. “No meu pensamento, eu não vejo como é que vítimas, ajuda, ‘Amar Pelos Dois’, solidariedade, Pedrógão Grande, mortes e peido vêm todas dentro do mesmo conceito, mas entendo que tenha sido para brincar um bocado”, disse, acrescentado: “Acabo por ficar sem perceber se era uma gala de música, se o objetivo do Salvador era dar música às pessoas que estavam dentro do Pavilhão Atlântico ou se era fazer stand up comedy”.

Carlos Costa afirmou ainda que Salvador chamou “focas amestradas” às pessoas presentes no concerto solidário.

Será que este génio musical do momento, o nosso Salvador Sobral, não consegue ver que acabou de chamar focas amestradas ao seu público? Acho que o Salvador não pensa naquilo que está a dizer e depois acaba por dizer besteira da boca para fora”, diz Carlos Costa, acabando por dar razão ao colega. “A verdade é que ele tem um bocado de razão. Vocês são realmente umas focas amestradas porque antes de ele ter vencido a Eurovisão, em Portugal era chamado de maluco e drogado. Hoje em dia é aplaudido até quando fala de peido numa gala de solidariedade...”.

Carlos Costa não deixa de ver que esta foi “uma frase sincera” e que até “teve alguma piada”. Ainda assim, “não deixa de ser despropositado e deselegante, chega até a roçar o mal educado, tendo em conta o conceito da gala”.

Mas Carlos Costa não comentou só a prestação de Salvador Sobral no concerto solidário, recordou ainda a prestação de Salvador Sobral nos Ídolos, onde se conheceram.

Em 2009, Salvador foi tão prematuramente expulso dos Ídolos com o sétimo lugar, e injusto porque ele era um dos melhores concorrentes na altura, porque estava a atravessar uma crise com uma namorada que tinha na altura e, por isso, recusava-se a cumprir as suas obrigações enquanto concorrente. Recusava-se a cantar, a provar roupa. Sempre que ele estava mal com a namorada era um problema para a produção e para nós concorrentes”, contou.

“Mesmo que não se consiga adulterar o televoto e que ele seja fidedigno, eu posso dar uma canção menos confortável a um determinado cantor para que ele escorregue. Não estou a dizer que foi isto que aconteceu, mas que coincidiu com todos os problemas que ele estava a ter na competição com a sua prematura expulsão”, continuou.

Apesar de tudo, Carlos Costa não deixa de frisar que “espera que Salvador se torne num Cristiano Ronaldo da música portuguesa porque ele merece”. “Ele canta e interpreta de uma forma única. É música da cabeça aos pés”.

Perante este direto na sua página do Facebook, Carlos Costa foi criticado e, entretanto, Salvador Sobral pediu desculpa aos fãs pela sua atitude no concerto solidário. Algo que levou Carlos Costa a voltar a comentar o assunto.

"Se o próprio Salvador se retratou e pediu desculpa só demonstra que tem noção, quer dizer que eu não estou assim tão errado e não sou assim tão maluco. [...] O facto do Salvador ter ganhado a Eurovisão não faz dele Deus e não faz com que tudo o que ele diga seja certo. Adoro ouvir o Salvador a cantar, adoro-o porque o conheço e sei que não é má pessoa, mas tem que se retratar em certas coisas que diz. Se aquilo que eu disse no direto anterior tivesse sido dito pelo Presidente da República, vocês não teriam reagido desta forma e, provavelmente teriam aplaudido".