Pessoa com vida dupla, machista, fanático da religião, chefe clandestino da seita da Cientologia - eis o retrato de um dos mais famosos actores norte-americanos feito no livro "Tom Cruise: uma biografia não autorizada", que o polémico escritor Andrew Morton lançou ontem nas livrarias dos Estados Unidos.

Famoso pelo sucesso das suas biografias sobre a princesa Diana, Monica Lewinsky e Madonna, Andrew Morton dedicou dois anos à investigação da vida de Tom Cruise. Na véspera do lançamento do livro, cuja primeira edição teve uma tiragem de 400 mil exemplares, o biógrafo disse que este seu trabalho é "perigoso", na medida em que envolve a Igreja da Cientologia. Contou que um detective privado o abordou em Hollywood e lhe ofereceu uma arma "para se proteger dos tipos da Cientologia" (gesto que Morton interpretou como uma ameaça) e que um amigo lhe disse que "é menos perigoso limpar o rabo de um leão com uma folha de lixa do que andar a investigar a seita".

Precisamente sobre a Cientologia, no livro de Morton sublinham-se rumores que apontam para a hipótese de Suri, de 21 meses, filha de Cruise, ter sido concebida com esperma congelado do sr. Hubbard, o fundador da seita, falecido em 1986. O advogado de Cruise, Bert Fields, já disse que se trata de "uma grande mentira" e a própria Cientologia emitiu um comunicado a garantir que "nunca se congelou o esperma do senhor Hubbard".

Sobre a sexualidade de Cruise, Morton escreve que o actor não é homossexual. "Teve centenas de namoradas, umas atrás das outras, desde os 11 anos", revela o biógrafo. Os boatos, acrescenta, surgiram quando a sua primeira mulher, Mimi Rogers, disse que Cruise era "um monge" e que "praticava abstinência sexual". Mas isso não significa que o actor seja gay. "Honestamente, Tom Cruise foi sempre um mulherengo, com namoradas, amantes e esposas", refere o livro.

Segundo Morton, Nicole Kidman, muito influenciada por seu pai, que era psicólogo, não gostava da Cientologia. Então, membros do culto pressionaram Tom Cruise para que abandonasse sua mulher, o que viria a suceder em Novembro de 2000. Segundo parece, Cruise ameaçou-a com a revelação de aspectos da sua vida sexual se fizesse "demasiado barulho" com o divórcio. "Na Cientologia - escreve Morton - só há um foco: sexo, sexo e sexo".

Outro alvo de Cruise teria sido Penélope Cruz. Segundo Andrew Morton, por alturas do romance entre os dois actores, o pai de Penélope receava perder a sua filha para a seita, tendo pedido ajuda a um organismo especializado na recuperação de pessoas "agarradas" a este tipo de cultos religiosos.

"Assalto à mão armada" e "ataque difamatório" foram as expressões usadas, entretanto, pelos responsáveis da Cientologia, numa primeira reacção oficial ao livro de Morton. Os próximos episódios deverão desenrolar-se nos tribunais.