"Acredita" é o seu 11º álbum de originais em 15 anos de carreira. A Mónica Sintra mudou muito nos últimos anos?
Sim. Para além das mudanças visíveis, musicalmente é normal que tenha
havido uma evolução. Não só por aquilo que oiço, que serve como
referência, mas por toda a aprendizagem adquirida ao longo dos anos.
Como surgiu o nome "Acredita"?
Encaro esta fase da minha vida de forma muito positiva. Tudo o que me
espera no futuro é acreditar que o amanhã é sempre melhor que o ontem.
Para além disso, ao longo do álbum reparei que esta palavra era muito
utilizada nas letras das músicas, pois no amor há sempre que acreditar,
mesmo quando as coisas não são fáceis.
Para além do novo álbum, este ano também se lançou no mundo da escrita, com o livro "A um passo do abismo". Foi bem sucedida?
Digamos que não me lancei na escrita, pois embora não goste de usar a
palavra nunca, esta foi uma experiência que talvez não venha a repetir.
Este livro aparece pela minha vontade de deixar o passado para trás e,
ao mesmo tempo, alertar para o número crescente de distúrbios
alimentares que existem. Com ele, tentei não só passar um pouco da
minha experiência, mas ajudar a criar mecanismos de defesa para
combatê-la, explicando-a da melhor maneira que sei e que vivi.
Ter revelado publicamente que sofreu de bulimia e anorexia por oito anos foi positivo para si?
Foi positivo e libertador para mim. Mas também houve uma identificação
da parte de alguns jovens com o problema que eu tive de enfrentar.
Como é que seguiu arranjar coragem para abordar esse assunto em livro?
Eu não lhe chamo coragem. Estava a escrever um diário sobre tudo o que
se tinha passado e fui abordada para editar um livro sobre o tema.
Pensei que, uma vez que o problema estava estabilizado, deveria
partilhar o meu diário, para que as pessoas me conhecessem melhor.
Afinal, tal como todas as outras pessoas, a minha vida não é só um
palco e coisas boas ao redor. E pensei que através do meu testemunho
poderia chegar a pessoas que sofriam e sofrem em silêncio.
Hoje faz esforços quanto à alimentação? Considera-se uma pessoa saudável?
Agora consigo perceber e praticar o que é o equilíbrio. Tenho uma
alimentação saudável dentro do possível, uma vez que passo muito tempo
fora e com horários trocados. Sou disciplinada com o que como, mas,
como é lógico, também não me privo das coisas de que mais gosto e que,
só por acaso, são as que fazem pior... 
Tem saudades dos seus tempos nos Bombeiros Voluntários de Sintra?
Tenho saudades dos tempos, das pessoas, da aprendizagem e do estar disponível para alguém, não sabendo quem...
Gostava de repetir a experiência?
Gostava, mas é impossível. Aliás o motivo que me fez sair foi não estar
lá a cem por cento. A determinada altura, as pessoas ficavam a olhar
para a cantora e esqueciam por momentos a bombeira. Deixei de conseguir
fazer o meu trabalho e de ajudar os meus colegas.
Considerava-se uma boa bombeira?
Penso que fui, pelo menos tentei sempre estar à altura. É difícil dizer-lhe se o fui, eu penso que sim, mas...
É mais fácil apagar fogos ou construir uma carreira na música?
Não há comparação possível. Embora nenhuma das coisas seja fácil. O
fogo, temos que apagar. A carreira é algo que se sonha. Trabalhei muito
para consegui-la, embora tenha tido a sorte de estar à hora certa no
local certo, com a música certa. Mesmo assim, é algo que ainda hoje me
dá trabalho, mas um prazer enorme. É o fogo que aquece a minha vida e
que jamais gostaria de extinguir.
Contam-se pelos dedos de uma mão os namorados que a Mónica apresentou à imprensa. É uma rapariga pouco namoradeira?
Como romântica que sou, gosto de namorar. Gosto de jogos de sedução.
Mas sou ponderada: gosto de relações duradouras, que me tragam
estabilidade.
Tem o coração a bater por alguém neste momento?
Só mesmo por mim, para que viva de forma saudável!
Acabou de completar 30 anos. Vê-se casada e com filhos num curto espaço de tempo?
Gostaria muito de já ter tido filhos, mas não se proporcionou. Faltou a
tal estabilidade. Mas hoje sou menos ansiosa em relação a isso do que
há uns anos atrás.
Qual é o defeito incorrigível que um homem terá de aturar na Mónica?
Nenhum defeito é incorrigível quando se ama.