Manuel Luís Goucha fez um apelo no seu blogue e partilhou a fotografia de uma campanha da revista Activa contra a violência doméstica na sua página do Facebook.

A fotografia partilhada, onde aparecem Pedro Teixeira, João Moleira e Tony Carreira, vem acompanhada das seguintes palavras.

“Ando há anos a perorar contra a violência doméstica, fazendo da minha exposição pública tribuna maior para denunciar aquilo que entendo como um cancro da nossa sociedade assente em caducos hábitos de posse presentes desde sempre em todas as classes sociais, económicas e culturais”, começa por explicar o apresentador da TVI.

“Como entender que após mais de vinte e anos de campanhas de informação e sensibilização contra a violência doméstica e a mudança do olhar da justiça face a tais agressões, considerando-as crime público, continuemos como se não tivéssemos trilhado já esse caminho. Todos os dias somos confrontados com relatos de agressões a mulheres e o número de mortes às mãos dos seus companheiros ou maridos, não para de aumentar. Então o que não está a resultar? Será que a escola está a cumprir o seu papel de educar, também civicamente, trazendo para a sala de aula questões tão basilares e normativas como o respeito pelo outro? Temo que não, que se há coisa que me tira do sério é saber que há adolescentes maltratadas pelos seus namorados. Será que há mesmo uma rede eficaz de apoio à vítima, para que ela possa em segurança seguir com a sua vida enquanto espera que se faça Justiça? Temo que não, que independentemente de tudo quanto é feito no terreno, e muito pelas IPSS, sabemos que os meios são insuficientes e não conseguem dar resposta adequada à dimensão do problema”, escreveu.

“Será que a Justiça tem mão pesada, só por si dissuasora, para com tão desprezíveis seres que de homens pouco têm? Temo que não, ou melhor, depende do ajuizador, que interpreta a lei segundo as suas convicções ou demónios. Não foi a um juiz do Tribunal de Setúbal que ouvi dizer, em plena audiência: “senhor Goucha, nem sempre uma bofetada dada numa mulher é violência!”? Pois, no código penal egípcio também lá diz que uma mulher agredida com boas intenções pelo marido não tem direito a qualquer reparação! Que boas intenções podem presidir a um ato de agressão?”, acrescentou ainda.

“Uma banal bofetada não é uma carícia, é um acto destrutivo. E não pode a agredida permitir que se repita. Porque se nada fizer, repetir-se-á, tenho isso tão certo como dois e dois serem quatro. Este fim de semana estive com centenas de pessoas em Matosinhos, mulheres essencialmente. Uma houve que esperou na fila duas horas para me dizer: “pus fim à minha relação depois de muito sofrimento e foi o Manuel que me deu essa força através do que diz no seu programa. Não tenho dinheiro para comprar o seu livro mas tinha que vir dizer-lhe isto”. É por estas mulheres que não me calarei. Não se cale também. Apresente queixa. Denuncie”,

apelou, por fim.