As pernas ainda lhe tremem quando desfila para a Dior Homme?
Claro que hoje, com mais experiência, sinto-me mais seguro e confiante, mas em qualquer trabalho ainda me sinto nervoso, isso é porque quero dar sempre o meu melhor e não gosto de desiludir quem me contrata.   
Nunca nenhum manequim em Portugal deve ter feito uma carreira tão fulgurante apenas em dois anos. Foi a melhor bofetada de luva branca que pode dar aos responsáveis da moda em Portugal que não acreditaram em si?
Já houve e continua a haver manequins portugueses a fazerem muito sucesso a nível internacional. Eu estou a atravessar uma boa fase profissional, só lamento ter precisado de ir para as capitais da moda trabalhar para ser reconhecido e respeitado como manequim. É caso para se dizer: "santos da terra não fazem milagres".
Teve algum feed back dessas pessoas depois do discurso que fez na festa dos Globos de Ouro?
Foi muito bom, recebi os maiores elogios, até foi considerado pela imprensa um dos melhores discursos e um momento alto da noite. Mas também posso dizer que o meu booker em Portugal recebeu chamadas de pessoas muito ofendidas que trabalham na moda, porque eu tinha sido ofensivo no meu discurso. Porque terá sido que se sentiram ofendidos? Não foi de todo a minha intenção ofender ninguém. É certo que no mundo da moda portuguesa, já tive o prazer de conhecer e fazer amizade com pessoas realmente maravilhosas. Pena que existam pessoas que estão no meio, mas que são frustradas porque não se sentem realizadas, vivem na sombra, ninguém as reconhece e então só lá estão para atrapalhar.
 A frontalidade é uma característica da sua personalidade?
Por vezes sei que me posso prejudicar com isso, mas sou daquelas pessoas que não consegue ver injustiças e se isso ajudar a que sejam mais respeitados os modelos que agora começam, então vale a pena ser frontal.
O que lhe disse o Eduardo depois daquela declaração de amor tão bonita?
O Eduardo disse-me que não conseguiu ouvir porque estavam a bater muitas palmas, pelo meu discurso e que estava muito nervoso (risos). Mas é claro que gostou e alertou-me para o facto de nos termos de resguardar mais. Este país ainda está pouco preparado para perceber e respeitar as orientações sexuais de cada um. Mas como não tinha discurso preparado, falei com o coração!
Teve de interromper a lua de mel para ir trabalhar. Vida de manequim não é fácil?
Esta carreira é curta, então não podemos perder oportunidades e o Eduardo nisso é super compreensivo, conversamos e decidimos interromper a minha estada em Istambul, onde ele ficou à minha espera. Eu fui a Paris dois dias fotografar para a Biotherm, produtos de beleza, porque é um trabalho importante, visto que é uma marca reconhecida e com projeção internacional.
Hoje custam-lhe ainda mais as separações do Eduardo para trabalhar nas capitais da moda?
É sempre difícil separarmo-nos por períodos longos, mas a nossa relação é suficientemente forte para suportar as minhas ausências. O Eduardo também gosta muito de viajar e, algumas vezes, prepara umas surpresas e vai ter comigo e assim passamos alguns dias juntos.
Qual foi o momento alto da sua carreira como manequim?
Os dias em que recebi o Fashion Award e o Globo de Ouro! É sempre bom o reconhecimento e em tão pouco tempo ter logo os dois prémios mais emblemáticos é muito bom.
Qual o criador com quem se orgulha mais de trabalhar?
Com Tom Ford, porque para qualquer manequim é muito bom trabalhar com este nome de referência do mundo da moda internacional. Mas para mim em particular, foi um prazer a dobrar dado que adoro e me identifico muito com o seu trabalho.
Qual é o seu maior sonho profissional?
Eu não gosto muito de viver de sonhos, mas gosto de traçar objetivos. Tenho sentido muita vontade de experimentar a representação e, por isso, assim que tenha um espaço na minha agenda, estou a pensar fazer um workshop de atores, para perceber se tenho talento... Só assim é que avanço para a ação.  
É um fashion victim?
Gosto de moda e gosto de me sentir bem. Mas não deixo de dormir a pensar no que tenho de vestir no dia seguinte e misturo por exemplo Yves Saint Laurent com Zara.
Que peça de vestuário tem em maior número no seu guarda-roupa?
São as calças, mas tenho sempre as minhas preferidas, por isso, às vezes, até me esqueço que tenho outras. (risos)
Acredita mesmo que a moda vai levá-lo ao céu?
A moda já me leva ao céu, mas sempre com os pés bem assentes na terra. O importante é aproveitar as oportunidades e não me deixar deslumbrar porque hoje posso estar nos tops, mas nesta carreira nunca se sabe por quanto tempo.
Disse numa entrevista à "Caras" no ano passado que a sua mãe biológica o abandonou quando tinha apenas dois meses.  
A minha mãe biológica não me abandonou, o mais racional seria fazer o que ela fez devido às circunstâncias: deixou-me numa instituição para que eu ficasse bem entregue e protegido até que ela resolvesse o seu problema. O meu tio (irmão da minha mãe biológica) é que optou por me ir buscar e ela percebeu que se eu ficasse em Portugal teria outras oportunidades. Considero que tenha sido um ato de amor, até porque é o nome dela que tenho no meu BI. Abandonar, seria se me tivesse deixado na rua para alguém me apanhar, isso nunca lhe perdoaria.
Como foi a sua infância com os seus tios maternos e com os seus primos a quem chama irmãos?
Uma infância normal, porque na verdade sempre os vi como os meus pais e irmãos. Só agora é que falo mais da minha adoção, devido à minha exposição mediática e achei que o deveria partilhar porque faz parte de uma realidade da minha vida. Antes era raro lembrar-me de que era adotado, porque sempre fui, e sou, tratado como um filho.
Continua sem saber quem é o seu pai biológico, para além da nacionalidade que é Sueca? Tem curiosidade em conhecê-lo?
Conheço por fotos e acho-me muito parecido com ele. Se tivermos de nos conhecer, é porque Deus quer.
O que lhe dá mais prazer na vida?
Ser feliz.
Como se define?
Orgulho-me de tudo o que vivi até hoje, mas, acima de tudo, sou muito bem resolvido comigo mesmo e de bem com a vida.