O seu novo romance, "A Vida Num Sopro", já está à venda. O que podemos esperar desta vez?
Um livro bem escrito a contar uma boa história. É pelo menos essa a minha intenção. Se consegui ou não lá chegar, cabe agora aos leitores decidirem.
O livro é um romance "sobre o século XX português". Pode desvendar um pouco da história?
Este é um romance sobre o apogeu do Estado Novo. Embora hoje o anterior regime seja muito demonizado, o facto é que Salazar era um homem muito popular na década de 1930. Por que razão isso aconteceu? O que trouxe ele de novo? Esse é, digamos assim, o ponto de partida não ficcional do romance. Através de uma história de amor real, a dos meus avós maternos, inventei uma ficção com as personagens integradas no seu tempo. É um romance de amor, de guerra, de História, de ideias, de traições... enfim, tem de tudo um pouco. E humor também, espero eu.
A "Ilha das Trevas", outro dos seus livros, vai ser adaptado ao cinema por Leonel Vieira. Está ansioso para ver o seu romance ganhar vida no ecrã?
Ansioso não é a palavra certa, uma vez que raramente penso nisso. Mas tenho uma certa curiosidade, como é natural.
"O Sétimo Selo" foi um alerta para a destruição do planeta, nomeadamente no que diz respeito ao aquecimento global e ao fim do petróleo. Sente que, de certa forma, cumpriu a sua parte na tarefa de salvar a Terra?
Acho que cumpri a minha parte, mas não me parece que tenha salvo o planeta. Era bom, era! Penso, porém, que os portugueses têm hoje uma ideia mais completa dos grandes desafios que a humanidade enfrenta nas próximas décadas. E conhecer bem um problema é o primeiro passo para o resolver.
Na sua essência, é um jornalista que relata a realidade, ou um escritor que navega pelos mares da imaginação?
Sou um pouco dos dois. Há muito de jornalista no escritor que sou.
A escrita é um escape à dura realidade que todos os dias conhece e transmite?
Não, pelo contrário. É uma forma de enfrentar a realidade. Enfrentá-la e desmontá-la.
Você um dos escritores que mais vende em Portugal. Sente que os portugueses estão a recuperar o hábito da leitura?
Sem dúvida nenhuma. Os portugueses estão a ler mais.
O que é mais difícil? Escrever o primeiro ou o último capítulo de uma história?
Nada na escrita me parece difícil. Eu diria que o primeiro e o último capítulo são igualmente fáceis. E o que está no meio também.
Qual é o livro da sua vida?
"Da Servidão Humana", de William Somerset Maugham.
Lembra-se do primeiro livro que leu?
Não. Suponho que tenha sido um Pato Donald.