Papá em Lisboa, mãe e bebé no Porto... Tem sido difícil?
Não estou com o meu filho há cinco dias. Por ocasião do nascimento, estive dez dias fechado em casa, literalmente, a cuidar do meu filho e da minha mulher. Tive de deixá-los mas agora vou voltar para o pé deles!
Muitas saudades do Lourenço?
Muitas... Ele é tão pequenino!
E quando são pequeninos eles mudam muito de um dia para o outro...
Não sei ainda com quem é parecido (risos)...
Sua mulher, Fernanda, tem-lhe enviado muitas fotos do bebé?
Tenho no mínimo mil fotos do Lourenço no meu telemóvel. Noto que cresceu. Quem está perto e vê o bebé todos os dias não nota.
Agora que acabou as gravações do seu personagem em "Perfeito Amor", vai dedicar-se a cem por cento ao bebé e à Fernanda?
A distância Porto/Lisboa obriga-me a tomar decisões. Eu tenho que tomar conta do meu filho, essa é a prioridade máxima! Quero ser um bom pai, quero ser um bom marido e quero acompanhar o bebé nesta fase de crescimento. Estou aberto a novos projectos de trabalho, desde que as minhas condições se adequem às necessidades das pessoas que me convidem.
Foi pai pela primeira vez. O que gosta mais de fazer quando está próximo do Lourenço?
Olhar para ele...
Muda-lhe as fraldas?
Porto-me como um pai que já educou um sobrinho. Faço quase tudo.
Ele já tem clube de futebol?
Apesar de Fernanda ser do norte, é benfiquista como eu e, por isso, o Lourenço também já é sócio do clube. A papelada está entregue! (risos)
Já pensou na hipótese de se mudar do Porto para Lisboa?
Não dá! A minha vida é esta: vou e venho. Paciência!
Na novela "Perfeito Coração" você é Gonçalo Nobre, um deficiente que joga basquetebol em cadeira de rodas. Como se preparou para o papel?
Contraceno na novela com colegas de equipa que são, de facto, deficientes físicos. Foram eles, em conversas e nos treinos, que me revelaram as suas experiências e me ajudaram a construir a minha personagem.
É uma mais-valia para um actor cumprir uma missão como esta?
Isto é uma grande responsabilidade. Isto passa um pouco por mostrar esta realidade de pessoas com deficiência. Isto não é uma brincadeira de novelas. Eu vou conseguir passar os medos, as fobias, as flutuações de humor, e tudo o que uma pessoa com deficiência, seja ela qual for, enfrenta no dia-a-dia. É uma mais-valia fazer novelas que se adaptem à realidade da nossa sociedade. Acabam por ser testemunhos reais e já chega de fazer novelas sobre histórias mexicanas que não levam a lado nenhum.
Está mais exigente como actor, é isso?
Claro. Qual é o actor ou actriz, a sério, que não quer fazer estas personagens? Dou-lhe um exemplo: aqueles que querem ganhar dinheiro fácil, e ser famosos. Esses não são actores, isso é gente que não interessa. Só interessam à televisão e aos lobbies da televisão para ganharem audiências. Eu não vou por aí. Eu faço coisas que me dão vontade de trabalhar. E cabe a vocês, Imprensa, separarem um pouco as águas. Faço o meu trabalho mas não vou fazer publicidade a mim mesmo para aparecer nas revistas.