Depois de um longo jejum televisivo, o que tem preparado para agarrar audiências na Record?
O jejum foi por opção. Tive vários convites para trabalhar na televisão, mas preferi a TV Record Europa, porque me dá maior visibilidade em vários países e outros continentes. A Record está em Portugal há apenas 3 anos, mas tem tido grandes conquistas. É a emissora mais antiga do Brasil, quase a completar 55 anos e vai a caminho da liderança. O programa "João Kleber Total" vai revolucionar mais uma vez a TV portuguesa.
Revolucionar de que forma?
Tenho a certeza de que toda a gente ficará de olhos fixos no ecrã. A irreverência do programa será a sua marca, mas também teremos rubricas de muita emoção. É um programa para todas as idades. Uma das negociações que fiz com o presidente do canal, Aroldo Martins, foi a de gerar emprego para artistas e técnicos portugueses e brasileiros.
De quem foi a ideia do programa?
O programa é criação minha. Conheci o presidente da TV Record Europa quando cheguei a Portugal, em 2005, para trabalhar na TVI. Falámos várias vezes sobre a possibilidade de trabalharmos juntos. Agora chegou o momento e estou muito feliz.
A Record é um canal que está ligado à igreja universal. Foi-lhe pedido algum tipo de moderação nas suas brincadeiras?
Jamais me foi colocado qualquer tipo de censura. O canal conhece muito bem o meu trabalho e o profissional responsável que sou.
Quais são os principais atractivos deste novo programa?
São vários: humor, emoção e o contacto com o povo. Não vou falar muito para não dar chance para a concorrência. Tanto a TVI como a SIC sabem do meu potencial. Quando eles pensam que venho com uma coisa, eu já estou com outra. Conheço muito bem os truques da TV.
Qual é a rubrica que mais gosta de fazer no novo programa?
Gosto de todas, mas quem vai decidir é o telespectador, afinal é para eles que trabalho. Os portugueses já tem um dia-a-dia cheio de dificuldades e o meu objectivo é trazer a toda gente momentos de descontracção. Nada melhor que isto aconteça no final da tarde de domingo.
Depois do "Fiel ou Infiel?" esteve afastado dos ecrãs. Sentiu uma espécie de deja-vú, já que, no Brasil, quando saiu da Globo, esteve alguns anos para ter uma nova oportunidade...
Quando cheguei à Globo era um miúdo. Cheguei de autocarro e saí a conduzir um Mercedes. Participei em grandes projectos da emissora, todos com grande audiência. Quando saí da Globo, quis dedicar-me ao teatro e fiquei com um espectáculo a solo durante oito anos em cartaz, ininterruptamente. Recebi então um convite para fazer parte da nova RedeTV! Em quatro anos, o meu programa chegou ao primeiro lugar.
O "Fiel ou Infiel?" deixou o público na dúvida sobre se os casais não seriam actores contratados. O que diz sobre esse assunto?
Todos os casais que por ali passavam eram verdadeiros.

Não. Já havia dito ao José Eduardo Moniz, que não queria mais fazer o "Fiel ou Infiel?". Até porque tudo tem um tempo de sucesso. Aprendi isso ao ver a teimosia de alguns artistas, que insistem em fazer o mesmo formato durante muitos anos e acabam com a imagem desgastada. Gosto de sair no auge.
Gostava de retomar um formato do género?
Não. Já havia dito ao José Eduardo Moniz, que não queria mais fazer o "Fiel ou Infiel?". Até porque tudo tem um tempo de sucesso. Aprendi isso ao ver a teimosia de alguns artistas, que insistem em fazer o mesmo formato durante muitos anos e acabam com a imagem desgastada. Gosto de sair no auge.
Tem ideias de voltar para um canal português aberto?
Sou um homem de desafios. Quando vim para TVI, toda a gente dizia que o "Fiel ou Infiel?" não estaria no ar por mais de um mês. Durou três anos no topo da audiência, apesar de mudar várias vezes de horário e de muitas repetições. Tenho a certeza que o "João Kleber Total" vai ser mais uma conquista. Os canais abertos portugueses vão ficar preocupados. Podem acreditar que lhes vou dar muito trabalho.
Antes de deixar o Brasil, enfrentou controvérsias com a Rede TV! O programa que apresentava foi tirado do ar por ordem do Ministério Público, por considerar que incentivava a homobofia. Depois disso, tem planos para voltar a fazer televisão no Brasil?
Não tenho planos para voltar a trabalhar e nem morar no Brasil, apesar de adorar o povo brasileiro. Tive dois casos que muito me marcaram. O primeiro foi um sequestro seguido de um assalto, que me deixou muito abalado. Fiquei com bandidos armados de metralhadora por muito tempo. O outro foi a forma de censura que recebi em plena democracia.
Porque escolheu Portugal? O que o trouxe para cá?
Portugal faz parte da minha origem. Sou filho, neto e bisneto de portugueses e tenho a cidadania portuguesa. Sempre vim muito a Portugal como turista. Até que um dia recebi um telefonema no meu escritório no Brasil. Era o José Eduardo Moniz, a fazer-me uma proposta para trabalhar na TVI. Aceitei, aqui estou até hoje e pretendo ficar para sempre, pois adoro este país e o seu povo.
Acredita que deve haver limites para os programas de humor?
Foi em Portugal que comecei a minha carreira como guionista de humor e depois como humorista. A sátira é ridicularizar, criticar, ironizar uma situação real. É isso que sei e gosto de fazer. Mas com certos temas, temos de tomar cuidado. Não faço humor sobre racismo, seja ele qual for.
Esteve nove anos casado com Wanya Engydio e a relação acabou com uma traição justamente com um actor que entrava no seu programa "Fiel ou Infiel?". Na altura, sentiu o feitiço virar-se contra o feiticeiro?
Não gostaria de comentar tal assunto.
Voltou a casar-se? Tem namorada? Está apaixonado?
Estou livre. Mas quem sabe se não vou namorar ou até casar-me com uma portuguesa. Tenho conhecido portuguesas giras. Sou um homem tranquilo, adoro ler, ir ao cinema, viajar, frequentar bons restaurantes. Acho que o mais importante é dar umas boas risadas. Sou uma pessoa simples no dia-a-dia. Quero uma relação estável, mas o meu destino só a Deus pertence.