João Perry ganhou o prémio de melhor ator de teatro, na XXII edição dos Globos de Ouro. Foi o seu desempenho na peça de teatro ‘O Pai’ que lhe valeu o troféu e foi também nos bastidores desse trabalho que o ator sofreu um acidente isquémico que podia ter conduzido a um AVC.

Depois de subir ao palco para receber o Globo de Ouro, o ator falou com os jornalistas e revelou o que mudou na sua vida depois do incidente.

“Foi um ano especialmente intenso. Com um susto pelo caminho porque exagerei muito no trabalho. Há dois anos e meio que não fazia férias.”, confessou o ator.

Questionado sobre o motivo de não fazer pausas no trabalho, João revelou que vivia apenas para a sua profissão.

“Estava naquela sofreguidão estúpida de viver só em espetáculo, não viver com tempo. Eu agora ate me sinto culpado de ter tempo, às vezes acordo e não tenho nada para fazer e penso que bom, é um luxo é uma coisa que não me acontecia há anos. É uma corrupção há minha rotina última, mas ainda não consegui criar o hábito”, acrescentou.

Sobre acidente isquémico, provocado pelo excesso de trabalho, o vencedor do Globo de Ouro disse que não estava à espera que algo sério pudesse acontecer.

“Pelo que eu sentia de energia não estava a espera que pudesse acontecer algum desaire e não aconteceu, mas assustou.”, afirmou o ator.

Totalmente recuperado, João Perry revelou que, apesar do susto, aprendeu a lição por agora, mas confessa que a idade não é motivo para abrandar.

“Aprendi por quanto. Em relação ao futuro não prometo nada. A idade não faz abrandar, faz apressar mais, sei que há menos tempo para viver ou me despacho ou não vou ter tempo.”

Apesar de se assumir um amante do trabalho, uma atividade que segundo o próprio o “diverte” e “estimula”, João Perry contou que foi obrigado a recusar alguns convites. O medo de sofrer com uma doença mais grave e ficar dependente assustou o ator.

“Houve coisas que eu tive de recusar, houve coisas que já tinha começado e tive de parar aconselharam-me a parar ou ficava com a boca ao lado ou mais esquisito ainda e isso eu não corria o risco porque tinha medo, não quero ficar dependente de ninguém, essas doenças criam muita dependência e eu não tenho estrutura para isso.”, concluiu.