Herdou de seu pai, o saudoso Vítor Mendes, o jeito para o teatro e, também, esses genes gordinhos, não é verdade?
É verdade, não me importo e até gosto de brincar com isso... Foi graças a meu pai que entrei para o teatro. O facto de ele ser actor abriu-me as portas. Comecei no Parque Mayer, mesmo no início da década de 80, tinha eu 17 anos, como ajudante de contra-regra e logo no primeiro dia pediram-me para engraxar 200 pares de sapatos!
Ainda se lembra do seu primeiro ordenado?
Foram 9 contos. Era um balúrdio! Basta ver que o meu pai, nessa altura, dava-me 30 escudos de mesada, verba que aumentava para 70 se eu passasse de ano.
Como é que saltou dos bastidores para o palco?
De dia engraxava sapatos e arranjava os cenários e à noite fazia umas pontinhas como actor. Isso era na altura em que o Salvador (Eugénio) estava á frente de grande elenco e o Mendes atrás de um grande elenco...
Como se chamava a revista em que se estreou?
"Reviravolta". Estreou no dia 3 de Setembro de 1980, no Teatro ABC, com Eugénio Salvador, Florbela Queiroz, Mara Abrantes, Rosa do Canto e José Manuel Cantigas. Tinha eu 17 anos. Nessa revista fiz uma "compèrage" com a Florbela de homenagem à Beatriz Costa, um número inesquecível.
E na televisão? Ainda se lembra do seu primeiro programa?
Foi uns largos meses depois, tinha eu 19 anos. Chamava-se "Foguete" e era um programa de música portuguesa com António Sala, Luís Arriaga e o meu querido amigo Carlos Paião.
Actualmente, além do seu trabalho como apresentador do "Preço Certo", na RTP, o que faz?
Estamos a percorrer o país com a peça "O Peso Certo". Eu, a Sónia Brasão, o António Vaz Mendes, o Luís Portugal, os Jáfumega e quatro bailarinas.
Que idades têm os seus filhos?
A Nádia tem 21 anos e é estudante de marketing, e o Vítor, de 16, está no 10º ano.
É um pai presente ou ausente?
Acho que devia ser mais presente, mas agora eles já estão na idade de namorar e preferem estar com os amigos. No entanto, telefonamo-nos todos os dias e, no Verão, vamos sempre de férias para qualquer lado.
O que é mesmo mais importante na vida?
A amizade. Aprendi isso com o meu pai. Ainda me lembro das ceias que ele tinha com os amigos depois do teatro e da importância que lhes dava.
Confia assim tanto nas pessoas?
Bem, dantes confiava em toda a gente. Agora sou mais selectivo, mas não tenho a mínima dúvida de que os verdadeiros amigos são para a vida!