Toda a gente o conhece como Cifrão, mas os pais batizaram-no como Vítor Fonseca. Aos 37 anos é um dos nomes sonantes do mundo das artes, especialmente da dança, área a que está mais ligado neste momento. Mas nem sempre foi assim. Cifrão (é assim que o vamos tratar a partir daqui) não nasceu com a dança, foi ela, a arte, que o descobriu mais tarde.

O início

Quem olha agora para Cifrão está longe de imaginar que era um dos rapazes mais tímidos da escola (conquistas amorosas incluídas). Tinha o seu grupo de amigos, jogava futebol, mas precisava do seu espaço. Aos 16 anos, começou a ganhar mais confiança e foi aí que surgiu a dança de maneira inesperada.

A primeira aula de dança foi tenebrosa. Fui vestido à jogador de futebol com meias altas e ténis“Foi muito parvo, porque eu ia sair com os meus amigos para as discotecas e odiava não saber mexer-me. Via os bailarinos na discoteca a dançarem e ficava fascinado com aquilo. E houve um dia que pensei, ‘eu quero aprender a dançar’, e decidi inscrever-me numa aula de dança”, recorda.

“Como foi a primeira aula de dança?”, questionámos. A resposta foi imediata: “Tenebrosa! Fui para uma aula mais ou menos avançada. Eles iam todos para a direita e eu para a esquerda”, afirma. E para piorar a roupa não ajudava: “Fui vestido à jogador de futebol com meia altas e com ténis de futebol. Apanhei um grande choque porque essa aula correu muito mal”.

Neste momento, deu conta que tinha de começar pelo básico, por isso, mudou-se para outro ginásio. “Passado um mês já estava completamente adaptado e três meses depois já não queria fazer outra coisa”, realçou.

Após um ano foi-lhe pedido para substituir uma professora, convite que aceitou de bom grado. A evolução e o amor pela dança começavam a ganhar forma. A grande decisão deu-se quando tinha 20 anos, quando decidiu deixar a universidade. Trocou a gestão empresarial pela gestão do seu próprio caminhonas artes.

Depois de ter viajado até Los Angeles,onde experimentouum pouco do “mercado da dança”, decidiu aprofundar conhecimentos em Londres.Foi por lá que ficou a viver durante nove meses. Conciliava a aulas com o trabalho numa loja de roupa e crescia comoartista.

2004: O ano dos 'Morangos com Açúcar'... e da fama

“Quando cheguei continuei a estudar e comecei também a trabalhar mais regularmente. Passados cinco meses surgiu o casting dos ‘Morangos’”. Foi uma oportunidade que não desperdiçou e que aconselhou inclusive a Paulo Vintém, que acabou por ser escolhido primeiro do que ele. Em jeito, brincadeira dizque o amigo lhe deve 20% do que ganha hoje.

[Nos D'ZRT]nunca discutimos uma única vez

O sucesso. Sentiu-o na pele quando foi para a estrada fazer concertos com os D’ZRT. “Foi bom porque a conexão dos quatro foi muito boa, nunca discutimos uma única vez. Saíamos dos concertos, tomávamos só um banho e depois voltávamos para estar a gravar de manhã. Ou seja, andávamos num corrupio muito grande”.

No entanto, não faltava tempo para as brincadeiras, que relembra com uma enorme nostalgia. “Desde nos irmos meter com um touro selvagem, andar a fugir e filmar tudo. Uma vez pegámos numa carrinha de estrada, que nos foi oferecida por uma marca, e a carrinha na primeira viagem rebentou”, conta.

A vida depois dos 'Morangos'

Com o final da série juvenil e posteriormente dos D’ZRT, Cifrão continuou a apostar na sua carreira artística. Não consegue escolher nenhuma das três áreas: representação, música ou dança. Ama-as de igual maneira, até porque todas juntas o completam. Apesar disto, acredita que conseguirá fazer diferença na terceira. “Estou numa posição de fazer muita diferença pela dança em Portugal, acho que estou a querer investir nisso. Quero que a dança seja alguma coisa importante em Portugal. E como hobbie estou a preparar o álbum e outros espetáculos”,adiantou.

A Online Dance Company é um dos projetos mais ambiciosos. “É uma tentativa de fazermos uma companhia de dança que toda a gente tenha acesso de uma forma mais simples. Nós temos grandes bailarinos em diferentes áreas e a ODC tenta puxar por esses bailarinos todos e mostrá-los ao público”.

O amor na vida de Cifrão

E porque a vida não é só trabalho, Cifrão não descura a hipótese de formar família no futuro com a sua namorada de longa data,Noa.Foicom um brilho no olhar que descreveu o momento em que a conheceu e mais tarde quando a passou a ver “como uma mulher”.

É um Obelix que caiu dentro do caldeirão do Red Bull“Conhecemos-nos ela era muito nova. Ela dançava e eu também. Ela tinha 15 anos, acho. Conhecia-a de um grupo que dançava e que não era o meu e falávamos. Acho que fui a uma festa de aniversário dela quando fez 16 anos. Mas não tínhamos muita ligação. Só reparei que ela era uma mulher numa fase D’ZRT, ela trabalhou connosco e eu pensei ‘isto não é uma miúda, é um mulherão’. Depois foi natural, foi crescendo”.

Para Cifrão, a sua “musa” parece que, tal como o 'Obelix', caiu dentro de um caldeirão... mas de Red Bull. “O que me fascina ainda é a energia dela. Ela tem uma energia que não existe. É um Obelix que caiu dentro do caldeirão do Red Bull. Ela é capaz de estar a falar o dia inteiro e eu a ouvi-la o dia inteiro. É a pessoa mais positiva que conheço à face da terra”.

E o futuro?

Cifrão promete-nos que vai ser como aqueles velhinhos, verdadeiramente para ‘as curvas’ e que arrasam na dança. E enquanto esse momento não chega vai continuar a lutar pelos seus sonhos.