“Sem amor tudo o resto é cinzento…”

Divorciada do jornalista Carlos Noivo, com quem esteve casada durante 23 anos, Yolanda Lobo, a primeira manequim portuguesa a brilhar além-fronteiras, está focada no trabalho e nos filhos, olha para o passado com um sorriso e não fecha as portas ao amor.

Separou-se em novembro passado e divorciou-se recentemente. Já está disponível para voltar a namorar?

Toda a gente me pergunta por que é que me separei. Acho que não tenho que ter pena e chorar e estar triste porque acabou um casamento. Tive um relacionamento de 23 anos e tenho que me dar por feliz por o ter tido. Há muitas pessoas que se calhar não têm dois ou três anos com a qualidade que eu tive estes 23 anos. Tive momentos maravilhosos e sou abençoada por ter tido um amor assim. As relações acabam, não têm de ser iguais sempre e não temos de ser penalizados por isso. É outra etapa da nossa vida que começa.

Sente que já está numa nova etapa?

Há tantos amores… Quem sabe se não estou a ser preparada para o amor que tenho de dar aos meus netos? Estou mais liberta para isso, assim como para os meus filhos (Inês e António), que já estão adultos e com os quais tenho hoje um relacionamento de companheirismo. Estou aberta ao amor, à amizade, porque é isso que nos faz mover e nos dá a adrenalina que depois se vai refletir nos outros aspetos da vida. Sem amor tudo o resto é cinzento. Se estivermos apaixonados pela vida, pelos filhos pelos netos, pelos nossos bichos de estimação, pela nossa casa, pelos nossos amigos e pelo nosso namorado tudo o resto brilha e é fantástico.

A Yolanda é uma pessoa multifacetada que consegue fazer um pouco de tudo. Neste momento está a fazer exatamente o quê?

Fiz a minha carreira profissional sempre à volta da criatividade e é isso que me move e inspira. Continuo a dar assessoria a empresas, sou assessora de imagem da Vista Alegre Atlantis e tenho a minha própria empresa, “Noir et Chocolat”, que é uma empresa de decoração de interiores e arquitetura. Associei-me a um arquiteto, o João Salvador, e temos feito a maioria dos nossos projetos fora do país, porque em Portugal estamos a consumir muito pouco em termos de decoração e arquitetura e os projetos demoram muito tempo a avançar.

Tem saudades do mundo da moda?

Tenho e não tenho. Tenho saudades da minha fase fantástica de manequim de passerelle em que eramos muito criativos. Nunca trocaria aqueles desfiles dos anos 80 com os de agora, em que as modelos quase são obrigadas a ser máquinas. Nos dias de hoje, tudo é desfilado da mesma forma, com o mesmo semblante, com a mesma inexpressão, com a mesma atitude corporal. Davam-me muito mais gozos os desfiles dos anos 80, que eram autênticos shows de moda em que tínhamos liberdade para criar a nossa maneira de desfilar.

Há algum desses desfiles que a tenha marcado particularmente?

Os “shows” com o Vitor Nobre, na Portex, que fazíamos duas vezes por ano e que eram sempre muito teatrais e muito engraçados. Tenho muitas saudades de desfilar para o Zé Carlos, que tinha um cunho de profissionalismo na arte de criar em que tudo estava ligado, desde o sapato à bijuteria e ao penteado. Tudo era arte. Tenho saudades dos meus desfiles em Paris também. Foram experiências inesquecíveis, divertia-me muito, encontrava gente de todos os países e formações. Sentia-me muito sozinha porque era a única portuguesa a desfilar mas, ao mesmo tempo, sentia-me muito preenchida porque cada vez que conseguia um contrato em Paris era uma medalha. Não havia agências de manequins e ter conseguido alcançar isso para mim era sinónimo de que tinha capacidade para ir à luta, de atirar o osso, ir a correr e ganhá-lo!