Como está a viver este seu regresso às novelas?

Estou a divertir-me imenso. Estou a ser muito bem tratado, tenho um núcleo de colegas fantástico, com quem posso brincar e contracenar e, depois, tento viver esta personagem (“Pedro Carvalho”), que me dá muito gozo.

Interpreta um vilão de mão cheia...

Isto dos bons e dos maus … é tudo relativo. Tento encontrar no meu personagem as motivações e razões que o levam a agir de determinada maneira, mesmo que aos olhos dos outros possam parecer apenas desculpas. O “Pedro” é um homem que veio de famílias relativamente modestas, casou muito bem com a “Constança” (Margarida Marinho), de famílias nobres. Porém, quando a mulher quis casar-se com separação de bens, ele não achou muita graça, acabando por ficar sempre em segundo plano nas atividades da empresa da família da mulher, como se não lhe reconhecessem mérito ou talento suficiente para poder liderar. Então, decidiu tomar as coisas pelas suas próprias mãos e faz umas maldades. Agora, toda a gente acha que ele roubou a empresa, mas não roubou, porque é tudo legal. A mulher sai de casa e agora o “Pedro” está muito sozinho.

E para combater essa solidão, o “seu” Pedro vai envolver-se com muitas mulheres.

Sozinho, que é como quem diz... Ele é um homem que gosta muito da companhia feminina e envolve-se com várias mulheres. Ele é um sedutor e acho que tem necessidade de ser amado.

E o Diogo, na vida real, é um sedutor?

Não, eu sou diferente. (risos)

Mas tem algum ponto parecido com esta personagem?

Muito pouco, e é por isso que me divirto tanto a interpretar uma personagem, porque felizmente não sou assim. Portanto posso exercitar toda uma componente da natureza humana que não pratico.

Diz que não é sedutor, mas sabe com certeza que é considerado um galã...

Dizem que sim, mas eu não acredito em tudo o que dizem…

Mas sente-se incomodado de alguma forma com essa conotação?

Felizmente que há muito tempo me chamaram a atenção para esse facto e eu tentei não levá-lo muito a sério. É verdade que nos espetáculos que ando a fazer (a peça “Preocupo-me, logo existo”) mais de 70 por cento da plateia são mulheres, têm mais de 40 anos e acompanham-me há muito tempo, são umas queridas. Agora falando a sério, é algo que eu integro mas, como ator, não gosto de ficar rotulado com um género ou com um tipo. O que interessa é interpretar papéis que me desafiem.

O mundo das novelas foi alterando-se ao longo destes anos. Que diferenças destaca?

A realidade da ficção está diferente e a própria realidade cá fora, infelizmente, também está diferente. O que tento fazer é adaptar-me.

Já tinha saudades da televisão?

Já. Sobretudo tinha saudades de poder estar próximo do grande público. É um reencontro desejado e espero que as pessoas gostem.

Ao mesmo tempo continua em digressão com o espetáculo “Preocupo-me, logo existo”. Como consegue conciliar os dois trabalhos?

É uma gestão equilibrada. Faço o espetáculo aos fins de semana pelo país fora. Tem sido pacífico. Já o faço há quase um ano e vamos voltar ao Lisboa, ao Teatro São Jorge, no verão. São dois amores e convivo bem com eles.

Já se habituou aos longos horários de trabalho que implicam as gravações de uma novela?

Ainda não tem sido muito difícil, porque creio que ainda não entrámos no ritmo mais violento, mas estou preparado.

E o tempo para a vida pessoal e, em particular, para o seu filho, Filipe, de 10 anos?

É das responsabilidades inerentes e que estão salvaguardadas. Mas estou muito curioso para ouvir a reação dele sobre o meu trabalho na novela.

Ele já tem noção do trabalho do pai?

Sim, ele sabe tudo.

Então já tem um fã lá em casa?

Não sei, ele é muito opinativo em muitas coisas. Por exemplo, noutro dia perguntava-me se nós, quando dávamos beijinhos, metíamos a língua. Eu expliquei-lhe que há uma espécie de código de honra em que tentamos não o fazer, mas às vezes...

Ele mostra-se interessado por este meio?

Sim, q.b.. Acho que ele não está nada deslumbrado, o que é muito bom, porque eu também não alimento esse lado. O facto de ver o pai numa revista ou na televisão já não o impressiona muito. E ainda bem!