Depois do atentado terrorista desta quarta-feira em Paris, que vitimou 12 pessoas, incluindo oito jornalistas do semanário satírico “Charlie Hebdo”, as redes sociais rapidamente se encheram de mensagens condenatórias oriundas dos quatro cantos do planeta.

Os internautas portugueses não ficaram de fora e, na generalidade, todos repudiaram a ação dos extremistas assassinos.
Novidade foi, talvez, um post escrito e partilhado por Gustavo Santos, apresentador do programa “Querido, Mudei a Casa”, da TVI, que se desviou da corrente dominante e conseguiu desencadear uma onda de indignação.

Escreveu ele:

“Liberdade de expressão é uma coisa, desrespeito gratuito e egóico pelas mais altas crenças dos outros, sejam elas quais forem, é outra. Infelizmente, um e outro ponto colidiram hoje. Que uns sejam apanhados e severamente julgados pelo que fizeram e que outros, os que tiveram sorte e ficaram, assim como tantos outros que fazem carreiras a ridicularizar a verdade de quem não conhecem de lado nenhum, aprendam alguma coisa com isto! Opinar sim, questionar também, agora gozar sistematicamente com convicções alheias é que me parece despropositado. Além disso, sempre que desrespeitamos alguém desta forma, estamos a trazer uma potencial ameaça para a nossa vida”.

O post foi rapidamente invadido de comentários, nem sempre favoráveis ao apresentador e “life coacher”, como: “Não gostei! Fica-lhe mal o comentário, Gustavo. Nada, mas nada, justifica este acto!”; “Quer a tua crença religiosa, quer a tua liberdade de expressão estão totalmente protegidas na Constituição do teu país, bem como em qualquer Estado que se diga de Direito e Democrático”; ou, ainda: “Em lado nenhum se protege o direito de alguém exterminar 12 pessoas porque satirizam num jornal a sua crença religiosa”.

Incomodado com a reação negativa da generalidade dos comentadores, Gustavo Santos voltou hoje ao Facebook para esclarecer que não defende “qualquer atitude de terrorismo ou de violência”, mas que “todo o mundo sabe que desafiar radicais e gente que não tem medo de morrer, cuja vida vale menos do que aquilo em que acredita, é uma tremenda ameaça”.

Mostrando-se de bem com a sua consciência, o apresentador do programa “Querido, Mudei a Casa” sublinhou, ainda: “Podem dizer tudo o que quiserem de mim, que eu tenho a cabeça à prova de bala como o carro do Papa e o coração maior que a estátua do Marquês de Pombal. (…) Tenho uma cabeça antimotim e um coração tão grande que me permite aceitar todas as manifestações numa boa e arrepiar caminho”.