Como se sente uma actriz de televisão num meio tão diferente como um palco de teatro?
Para mim, foi pânico absoluto, stress, nervos. Aquele momento antes de as cortinas subirem, em que ouvia as pessoas a chegarem, a sentarem-se, o medo de abrir a boca e não sair nada, de não conseguir passar nada para o público... Na estreia, foi essa a sensação que tive. Por mais que me tivesse preparado para o espectáculo, parecia-me que todos os movimentos me iriam ficar presos, as pernas iam tremer, a voz não ia sair. Mas, de repente, tudo acontece, tudo está automatizado! E acaba por ser fácil viver essas emoções em palco e transmiti-las. Claro que trabalhei com dois grandes profissionais: o encenador Paulo Matos e o actor Luís Gaspar, com quem contraceno.
Gostou de ouvir pela primeira aplausos ao vivo?
Eu já tinha ouvido muitas vezes as experiências de colegas. Falavam de como era estar num palco, ouvir os aplausos e ‘sentir o público'. Eu, que nunca tinha experimentado, chegava a pensar que era tudo um exagero. Como era possível que o teatro de palco fosse assim tão diferente de tudo o que já tinha feito? Agora, que já experimentei, posso dizer que é realmente incrível ‘sentirmos o público', tê-lo a rir e a sofrer connosco, suspenso de nós. Parece que se faz um ‘zoom' entre o palco e o público. Eu acabei o espectáculo completamente emocionada!
O Pedro Teixeira esteve na estreia?
Nós fizemos duas estreias, em Olhão, antes de virmos para o Teatro da Trindade, em Lisboa. Na primeira, reservada a convidados, pedi para não ter ninguém da família na plateia. Nem o Pedro! O stress era grande, e eu não queria desapontar, queria surpreender. Por isso, ele só foi à estreia pública, no dia seguinte.
Aí já a Cláudia estava mais confiante...
Não, pelo contrário. O stress aumentou por saber que o Pedro, a minha família e alguns amigos estavam ali. Mas era muito importante para mim ouvir a opinião das pessoas de quem gosto. E, apesar da pressão que isso provocou em mim, queria realmente dar o meu melhor e surpreendê-los.
E surpreendeu o Pedro?
Acho que sim (risos). Ele ficou muito agradado com o que viu. No início, o Pedro ajudou-me a preparar o texto e ficou impressionado com a profundidade da peça. Parece um texto leve, mas as personagens têm uma carga emotiva muito forte. Penso que o surpreendi com a minha entrega.
Enquanto esteve a representar em Olhão, aproveitou para descansar e passear?
Fui uns dias antes da estreia e acabei por ir à praia e comer o maravilhoso peixinho grelhado do Algarve. Descontraí.
E na rua, as pessoas acarinhavam-na?
Sim, foi muito agradável. Olhão publicitou muito bem esta peça. Um dia, passeava nas ruas da cidade, com o Luís Gaspar e o Paulo Matos ao meu lado, e ouvi: "Olha, os actores de teatro!". Senti-me feliz.   
Para trás ficava a personagem da novela "Podia Acabar o Mundo"?
Não, as pessoas também acompanham. Algumas vinham ter comigo a querer saber pormenores sobre a novela. Queriam saber tudo. Queriam autógrafos e pediam para tirar fotografias.
Televisão, Cinema, Publicidade, Moda, agora Teatro... O que é que lhe falta fazer?
Tudo! Eu acho que, nesta área da representação, um actor nunca se sente realizado. Há sempre um novo desafio. A vida de um actor passa pelas propostas que nos vão apresentando, e de cada vez sentimos que nunca fizemos nada igual. A vida de um actor é vestir personagens completamente diferentes de si mesmo. Apesar de já ter experimentado Cinema, sinto que tudo o que fiz ainda é pouco. Sinto que ainda tenho muito por conhecer nesta área, nomeadamente no Teatro. Esta peça é uma história de amor que retrata os nossos dias, mas há coisas de época que gostaria de fazer. Por isso, nunca posso dizer que já fiz tudo.
E há propostas em carteira?
Há propostas de Teatro e de novela, mas prefiro ter o "ok" e a certeza do que vou fazer antes de falar sobre isso.
Com tanta coisa em mãos, o casamento tem de ficar adiado...
Sim. Com este trabalho todo, o casamento vai sendo adiado (risos)...
O Pedro não se importa?
Não. Ele apoia-me imenso e também anda com um ritmo de trabalho muito intenso. As nossas vidas são assim mesmo. Estamos numa boa fase e temos de crescer muito como actores. Há que aproveitar.