Carla Matadinho vai poder doar células da medula óssea a uma mulher, de 34 anos. À partida, como o processo é sigiloso, a manequim nunca irá conhecer a pessoa a quem vai salvar a vida, mas considera que isso é secundário. Está apenas ansiosa para que todo o processo fique rapidamente concluído, conforme revela nesta entrevista ao Sapo Mulher.

Quando soube que havia uma pessoa compatível consigo?

Em maio passado. Fui logo no dia seguinte dar sangue, porque tinha feito apenas a colheita, para confirmar a histocompatibilidade e ver se estava tudo bem. Na altura explicaram-me que o processo podia demorar e é o que está a acontecer. Pensei que seria muito rápido, mas os médicos têm primeiro de ver como estão ambas as pessoas, neste caso eu e a doente. Haverei de ter uma nova fase de exames médicos e depois é que vou escolher como vou fazer a minha doação de medula.

Como irá fazer a doação?

Ou através de uma colheita de sangue normal, ou através de uma minicirurgia, que irá obrigar a internamento e a anestesia geral para que sejam retiradas diretamente as células da medula óssea. Estou a aguardar…

Está ansiosa? Gostava que este processo fosse mais rápido?

Sim, embora na altura me tivessem explicado que o processo podia demorar. No entanto, faz-me confusão como é que estas coisas demoram tanto tempo. Quando uma pessoa está doente cada dia que passa é muito tempo.

Como se sentiu quando soube que podia salvar uma vida?

Na altura, quando soube que havia uma pessoa com quem era compatível, fiquei surpreendida porque é muito raro. Fiquei satisfeita por poder ajudar e por isso tornei a situação conhecida para que as pessoas vissem o meu exemplo. Se eu não fosse doadora de medula óssea, esta pessoa não teria qualquer hipótese. Não havia ninguém no mundo compatível. Eu estou numa base de dados de biliões e sou compatível. Achei muito importante passar essa mensagem. Ficarei completamente realizada e com a sensação de missão cumprida quando o processo for concluído.

Tem tido notícias do processo?

Estive algum tempo sem saber de nada, mas há cerca de duas semanas recebi uma carta do Centro de Histocompatibilidade de Lisboa a dizer que está tudo bem e que estão a aguardar para poder avançar.

Já conhece a pessoa a quem vai doar medula?

Não. À partida nunca irei saber. Todo este processo é confidencial. Sei que é uma mulher, de 34 anos, mas não sei sequer se é portuguesa. Estes são os dados mínimos que são facultados.

Pode ser uma pessoa de qualquer parte do mundo?

Sim. É uma base de dados mundial. Não sei se a pessoa com quem sou compatível é da China, de África ou da América, mas acaba por ser um bocadinho indiferente. Estamos a falar de uma doação, o mundo hoje é muito pequeno e podemos ajudar-nos todos uns aos outros.

Está com algum receio de fazer esta minicirurgia?

Não. Já me explicaram o processo e não há nada de extraordinário. Claro que uma anestesia geral é algo forte que devemos evitar e se calhar é por isso que vou ter de optar pelo outro método (a colheita de sangue). Mas estou tranquila e agora é aguardar. É fascinante podermos ajudar alguém desta maneira.