Tem uma carreira invejável, com muito cinema e teatro no currículo. O que acha que a diferencia dos outros actores?
Cada um tem um percurso individual para construir a sua carreira. Não existem fórmulas para se ser actor. Ainda assim, o meu percurso tem passado por um investimento contínuo na formação e tenho tido alguma sorte nas oportunidades que aparecem. Penso que é justamente no empenho e no profissionalismo que o actor deve apostar durante o processo de um trabalho.
Só depois de algumas participações em televisão conseguiu chegar ao papel de protagonista da novela "Resistirei". Como aconteceu isso?
As séries foram o primeiro formato em que participei em televisão, das quais destaco as históricas que foram produzidas para a RTP. Iniciei o meu percurso na SIC, na série "Aqui Não Há Quem Viva", com uma pequena participação. De seguida veio a série "Jura", depois a novela "Vingança" e finalmente a "Resistirei". O aumento da minha participação nos projectos aconteceu naturalmente. Para mim, estava a fazer sentido terminar um projecto e começar o outro, e pelos vistos para a SIC também.
Apesar de já ter um currículo no teatro, no cinema e mesmo em televisão, só na altura da série "Jura" as pessoas começaram a prestar mais atenção ao seu trabalho. Assusta-se com esse poder da televisão?
A televisão é de facto o meio que permite projectar o actor e a sua imagem a grande escala. A exposição, por vezes, pode não ser muito agradável, mas na maioria das vezes isso representa um poder positivo. Tem aproximado o público da ficção nacional, do teatro, do cinema e das causas sociais. Por outro lado, as televisões procuram produzir ficção com mais qualidade o que dignifica e eleva o trabalho do actor. Fazer televisão já não é um trabalho menor, já não é só trabalhar por dinheiro. É também acreditar em projectos, com uma perspectiva artística.
Numa busca pela internet com o nome "Carla Chambel", aparecem muitos sites que publicitam "Carla Chambel nua". Contava com esse tipo de repercussão?
Quando fiz a série "Jura" houve uma conversa bastante alargada entre os directores do projecto, equipa técnica e actores. Sabíamos que estávamos a fazer um projecto específico que falava da intimidade dos casais e que, portanto, iria haver uma certa exposição física. No que respeita ao processo do trabalho em si senti-me bastante protegida, no que respeita à divulgação do mesmo, já não. Embora não estivesse totalmente consciente da repercussão na net, continuo a ter muito orgulho em ter feito esse trabalho. Teve um impacto positivo no público. Muitas pessoas sentiram-se retratadas e permitiu-lhes falar da intimidade com menos preconceitos. E isso vale mais do que mil imagens.
Recebeu convites para fazer ensaios sensuais em revistas masculinas?
Sim. Houve um contacto, mas não se concretizou.
Aceitaria propostas?
Neste momento não faz muito sentido. É uma exposição desnecessária.
A sua participação no "Dança Comigo" mostrou aos portugueses o seu talento para a dança. Depois do concurso, começou a levar a dança mais a sério?
Sempre adorei dançar. Aliás, era um dos meus sonhos a concretizar. O "Dança Comigo" mostrou-me que não basta gostar de dançar. Há que aprender com os mestres, dedicar-se horas a fio para atingir a excelência. Depois da minha participação, ganhei consciência de que sei muito menos de danças de salão do que pensava. Se quiser mesmo aprender tenho que me dedicar...  
Esteve recentemente a gravar o filme "Amália". Qual foi o seu papel neste projecto?
Neste filme do realizador Carlos Coelho da Silva, desempenho o papel de uma das irmãs da Amália (Sandra Barata Belo): a Celeste Rodrigues. Igualmente fadista, é uma mulher fascinante, com quem tive o prazer e a honra de conversar em pessoa. Dediquei-me de corpo e alma a este projecto. Espero que o sumo do meu trabalho corresponda na sua essência à verdade desta pessoa que respeito e admiro. O filme sairá ainda este ano para as salas e penso que tem tudo para emocionar o público português e, quem sabe, o estrangeiro também. Pelo menos foi o que aconteceu a quem nele participou.  
O que a espera agora, profissionalmente?
Vou regressar ao teatro. Estou a ensaiar um espectáculo de marionetas, uma experiência completamente nova para mim. É um projecto que vai estrear este mês na Moita, a sul do Tejo, e depois vai fazer carreira em vários cineteatros à volta de Lisboa. Para além da nova linguagem, estou a trabalhar também com um público diferente. É isso que eu espero da profissão: que me coloque sempre desafios novos para não ficar ligada a uma só coisa, um só estilo, um só meio.