Lançou agora o livro "Só Deus Me Julgará". Está feliz?
Confesso que estou muito feliz e orgulhosa. No lançamento estiveram imensas pessoas que eu não conhecia. Pessoas que não eram minhas amigas, não eram minhas vizinhas nem familiares. Fiquei espantada porque é sinal de que a mensagem chegou a onde eu queria que chegasse.
Como olha agora para o seu passado difícil?
Eu nunca pensei, quando estava a viver essa história, que o que vivi podia chegar a algum lado. Quando chorava, chorava sozinha. Quando vencia uma batalha era sozinha e nunca pensei que esse meu percurso tão errante, tão sofrido e doloroso, pudesse um dia servir de exemplo para outras pessoas. Acho que Deus me escolheu para tamanha tarefa. Aquilo que mais quero é alertar as adolescentes, miúdas que estão agora a desenvolver-se e a crescer, para que percebam que é preciso ter muito cuidado com aquilo que pode ser o futuro.
O livro retrata esse percurso...
Sim. Eu fui empurrada para essa vida. Eu vivia na rua. Tinha que sobreviver de alguma maneira e a ganhar 500 € por mês para pagar água, luz e alimentação, não foi nada fácil. Peço às adolescentes que não corram atrás de amores impossíveis porque ninguém sabe, aos 16 anos, se um homem é ou não é o ‘tal' da nossa vida.
Fala no seu livro dos homens que se cruzaram consigo?
Não digo nomes de ninguém. As pessoas que passaram pela minha mesa só elas podem dizê-lo. Eu não digo. A história é contada na primeira pessoa, por isso só falo de mim, dos meus sentimentos e das minhas angústias. Não tenho o direito de revelar quem esteve na minha presença.
O facto de ter casado com o João Cabeleira ajudou-a a ter mais visibilidade para conseguir contar esta história?
Quando passamos por estas coisas não conseguimos racionalizar sobre elas. Fui obrigada a parar de dançar, depois de um aborto espontâneo. Fiquei muito fragilizada e emocionalmente estava muito em baixo. Fisicamente era impossível continuar porque tinha dores tremendas. Só quando parei é que consegui analisar as coisas de outra forma...Foi nessa altura que surgiu a ideia do livro. A minha vida sentimental está melhor que nunca e o facto de estar com o João só me veio ajudar, não por ser uma figura pública, mas porque estou em paz. Encontrei o homem da minha vida que me ajuda a enfrentar tudo.
O João conhecia todo o seu percurso antes deste livro?
O João sabia tudo sobre mim. Ele leu capítulo a capítulo, à medida que ia escrevendo. Muitas vezes dei por ele a chorar em cima dos papéis. Nessa altura pensei: ‘Meus Deus o que é que eu estou a fazer. Se calhar carrego um monstro dentro de mim'. Mas hoje vejo que o livro é poderoso e profundo, e acho que ainda tinha muito mais para contar. Ali não está tudo sobre mim. Há muito mais episódios que podia relatar. Este é um mundo que as pessoas não conhecem.
Mas, mesmo assim, vai voltar ao "striptease"?
É verdade. Vou voltar a dançar. Sempre vi o "striptease" como uma profissão.
E o João gosta da ideia?
O João já me viu a dançar imensas vezes, dentro e fora de casa. Por isso apoia a minha decisão.
Quando está no palco, consegue desviar o olhar do seu marido?
Sou muito profissional e quando subo para o palco fico possuída. Torno-me outra pessoa que nem eu sei quem é. A dança apodera-se de mim e os meus pés mexem-se sozinhos, com a mesma facilidade com que respiro. Considero e defendo que o ‘strip' é uma arte. E sei que o João pensa da mesma forma.
A Bastet tem uma boa relação com a Cristina Avides Moreira, namorada do Zé Pedro, companheiro do seu João nos "Xutos"?
A Cristina é a minha melhor amiga. Vejo a Cristina como uma irmã de sangue. Os Xutos & Pontapés são uma grande família, já com tudo incluído. Somos um clã. A Maya lançou o meu livro em Lisboa e a Cristina fará o lançamento no Porto.