Cartas pessoais de Barack Obama, escritas e enviadas para uma namorada que teve na universidade, de nome Alexandra McNear, foram agora arquivadas pelo Emory University. São 30 páginas de mensagens – nove cartas no total – que se tornaram públicas na faculdade, de forma a servirem como fonte de pesquisa académica.

A imprensa internacional informa que a Emory possui as cartas desde 2014, mas que só as conseguiu revelar agora.

A correspondência foi escrita entre 1982 e 1984 e mostra Obama a questionar-se do seu lugar no mundo e da sua identidade racial. Na mesma, lamenta-se da incompatibilidade com a namorada.

Parte de uma das cartas:

"Querida Alex,

A tua chamada deu-me um estímulo. De alguma forma, depois da tua última carta, cresceu a confusão de números e reuniões e contas; ouvir a tua voz foi como descobrir o trecho de um livro que li há algum tempo - tocou-me, e sublinhei-o - e descobrir que ainda se aplica, ainda toca. Uma coisa perigosa, este esquecimento, que se pode atribuir, pelo menos em parte, à minha ocupação atual. Curiosamente, apareci como um dos 'jovens promissores' do Business International, com toda a gente da dar-me palmadas nas costas e a elogiar o meu trabalho".

Obama conheceu McNear na Universidade Ocidental da Califórnia, onde começou o seu percurso como estudante universitário. Contudo, as cartas foram escritas depois de ter sido transferido para a Universidade da Columbia em Nova Iorque, em 1981. Foi nesta altura que ambos mantiveram uma relação à distância e que a correspondência se assumiu como via de comunicação.

“Parece que queremos sempre o que não podemos ter; é isso que nos liga, é isso que nos separa”, escreveu em 1983.

As cópias das cartas serão disponibilizadas a partir de hoje e servirão como referência para o estudo da história afro-americana.