Nunca é tarde para aprender. Aos 52 anos, o "pai do rock português", Rui Veloso, está a aprender piano com o entusiasmo próprio de um miúdo.

Quando celebra trinta anos de carreira, o músico assinala a data com aulas de piano no seu estúdio de Vale de Lobos, Sintra. Recuperado de graves problemas de saúde, apareceu, há pouco tempo, em forma numa gala de fomento do intercâmbio entre Portugal e Cabo Verde, no Coliseu dos Recreios, em Lisboa.

Quando esteve acamado, Rui Veloso levava uma guitarra (instrumento que dedilha com mestria) para o leito, com a música a funcionar como terapia de recuperação. Agora, com a humildade que o caracteriza, assume que não percebe quase nada de piano, mas está disposto a estudá-lo desde o zero!

O músico também já assumiu publicamente que não sabe música, o que não o tem impedido de construir um dos percursos mais brilhantes da moderna música portuguesa do pós 25 de Abril.

Rui Veloso deseja gravar, ainda este ano, um novo disco com músicos convidados, revisitando um repertório de três décadas de canções. O pretexto para a edição do álbum é a comemoração dos 30 anos da edição de "Ar de Rock", o álbum de 1980 que inclui sucessos roqueiros como "Chico Fininho" ou "Rapariguinha do Shopping" e mostrava um jovem portuense a cantar em português com a companhia do baixo, da bateria e da guitarra eléctrica, um feito à época.

Inseparável da voz e da guitarra de Rui Veloso, por detrás do ícone, tem estado sempre Carlos Tê, o escritor que, com as suas letras a respirarem música e poesia, tem feito uma dupla-maravilha com o "pai" do rock luso.