Jolie num campo de refugiados, no Iraque (Foto: EPA/Lusa)

Angelina Jolie visitou, no passado fim-de-semana, campos de refugiados no Iraque, no âmbito do seu papel de embaixadora das Boa Vontade das Nações Unidas, e ficou com o coração destroçado.

Os relatos de alguns dos refugiados, sírios e iraquianos, impressionaram-na de tal forma que a atriz não hesitou em partilhar as suas emoções num artigo publicado no jornal “The New York Times”, um texto pungente que está a emocionar o mundo.

“Visitei o Iraque cinco vezes desde 2007, e não vi nada que se compare ao sofrimento que testemunhei agora. Vim visitar os campos de refugiados onde iraquianos e sírios procuram desesperadamente por proteção contra os combates que atingem as regiões”, escreve Angelina.

“Durante muitos anos visitei acampamentos, e em todas as visitas, sentei-me nas barracas para escutar as histórias das pessoas. (…) Nesta viagem fiquei sem palavras. O que dizer a uma mãe que me revela, com as lágrimas a correrem-lhe pelo rosto, que a sua filha está nas mãos do Estado Islâmico e que ela queria estar lá também? Mesmo que tivesse de ser torturada e violada, diz-me que seria melhor do que não estar com sua filha. O que dizer a uma criança de 13 anos que descreve os armazéns onde ela e outras viviam, e onde, três de cada vez, eram chamadas para serem violadas por homens? Quando o irmão dela descobriu, suicidou-se. O que é que se pode dizer quando uma mulher te olha nos olhos e te diz que toda a sua família foi morta à sua frente, e que ela agora vive sozinha numa barraca com rações alimentares mínimas?”, pergunta a atriz.

“Na tenda seguinte, conheci uma família de oito crianças. Sem pais. Pai assassinado. Mãe desaparecida, provavelmente raptada. O mais velho, de 19 anos é o ganha-pão. Quando comentei que era uma grande responsabilidade para a sua idade, ele apenas sorriu e abraçou a irmã mais nova. E disse-me que estava grato pela oportunidade de trabalhar para ajudá-los. E sentia realmente o que dizia. Ele e a sua família são a esperança para o futuro. Eles são resistentes contra o impossível”, sublinha a mulher de Brad Pitt.

A atriz conclui o seu relato pedindo ajuda das autoridades e da comunidade internacional: “Não é suficiente defender os nossos valores em casa, nos nossos jornais e nas nossas instituições. Temos também de defendê-los nos campos de refugiados do Médio Oriente e nas cidades-fantasma em ruínas da Síria”.