Andre Kirk Agassi nasceu a 29 de abril de 1970 em Las Vegas, Nevada. Filho de Betty e Emmanuel Agassi, o tenista cresceu no seio de uma família onde era o mais novo de três irmãos.

Tinha dois anos de idade quando pegou numa raquete de ténis pela primeira vez. Desde muito cedo que o pai, um antigo lutador de boxe iraniano, tinha traçado um objetivo de vida: transformar um dos filhos num tenista profissional. “No mínimo tínhamos de acertar em 10 mil bolas por sessão e não podíamos falhar”, recordou Phillip Agassi durante um documentário produzido para pelo canal Biography onde falou sobre a obsessão do pai pelo desporto.

O escolhido acabou por ser Andre que durante grande parte da sua infância dividiu o seu tempo entre a escola e o court de ténis. Decidido a transformar o filho num dos melhores do mundo, Emmanuel delineou uma estratégia: assumiu o papel do seu treinador pessoal ensinando-lhe tudo aquilo que era necessário para o tornar num campeão.

Tal como veio a descrever anos mais tarde na sua autobiografia ‘Open’, lançada em 2009, o seu treino diário consistia em vencer o The Dragon: uma máquina alterada pelo pai que era capaz de de lançar bolas de ténis a 170 km por hora. “Devo ter ganhado o Wimbledon um milhão de vezes antes de completar 10 anos”, afirmou o jovem que aos 13 anos foi enviado para a escola de treino Nick Bollettieri Tennis Academy onde veio a conhecer aquele que durante 11 anos foi o seu treinador.

Devido à intensidade dos treinos, Agassi acabou por desistir do liceu completando apenas o 9º ano de escolaridade. Uma decisão de que o jogador se arrepende profundamente e que anos mais tarde o levou a construir a Andre Agassi College Preparatory Academy: uma escola que proporciona educação gratuita à comunidade local. “Parte da razão pela qual porque nunca tive outra escolha foi porque não tive educação. Os estudos dão-nos várias opções, levam-nos à descoberta de nós mesmos, daquilo que gostamos e o que nos motiva. Eu não tive isso e como resultado vivi uma vida que não escolhi”, explicou durante a reportagem OPEN: The Andre Agassi interview realizada pelo canal Tennis Channel.

Apesar de tudo, a verdade é que as escolhas que Agassi se viu obrigado a aceitar deram os seus frutos: aos 16 anos tornou-se tenista profissional. Os seus primeiros anos de carreira foram recheados de sucessos e vitórias. Em 1988 foi considerado o ‘Most Improved Player of the Year’ pela revista Tennis e pela Association of Tennis Professionals chegando às meias-finais do torneio Roland Garros.

Para além do seu talento, Agassi também deu que falar pelo seu estilo irreverente: o cabelo comprido, o brinco e os equipamentos coloridos foram durante muitos anos a sua imagem de marca. Entre 1988 e 1990 deu que falar no mundo desportivo por ter evitado participar naquele que é um dos maiores eventos de ténis do ano: o Wimbledon. A sua ausência deveu-se ao facto de ainda não se sentir preparado para o torneio e por o tenista não concordar com as regras de vestuário impostas pela organização: tal como manda a tradição todos os jogadores são obrigados a usar branco. Mas em 1992, Agassi pisou o campo do All-England Club e sagrou-se campeão ganhando o seu primeiro título do Grand Slam.

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Casamento, drogas e doping: uma combinação explosiva

No ano seguinte a sua vida deu uma volta de 180 graus quer a nível profissional como pessoal: começou a ser treinado por Brad Gilbert e a namorar com a atriz de cinema Brooke Shields. Após vencer o U.S. Open (1994), o Open da Austrália (1995) e ganhar a medalha olímpica (1996), Agassi decidiu dar o próximo passo na sua relação e subir ao altar (1997). Apesar de aparentemente ter a vida perfeita, os 23 meses em que foi casado com a atriz provaram ser um dos momentos mais complicados da sua vida. Afastado dos courts e a ocupar o 141º lugar do ranking mundial, Agassi começou a consumir drogas.

“Tinha uma vida que não queria, fazia uma coisa que odiava e que não tinha escolhido, estava num casamento que não queria. Estava com uma depressão, não tinha energia, desistia de campeonatos e quando houve alguém que me ofereceu um escape eu aceitei”, confessou durante uma aparição no programa de televisão Today Show sobre falou sobre o consumo de metanfetaminas que foram detetadas num teste antidoping. De forma a evitar uma suspensão por parte da Association ofTennis Professionals (ATP), o tenista disse ter consumido, por engano, uma bebida adulterada que se destinava ao seu assistente.

No ano de 1999 decidiu dar um novo rumo à sua vida: recuperar a sua carreira e dar uma nova oportunidade ao ténis. “Estava muito em baixo, nunca tinha sentido tanto ódio pelo ténis e achei que estava prestes a desistir de tudo”, disse em entrevista à Oprah.com sobre esse período da sua vida. “Não precisava de jogar mais ténis – tinha tudo que precisava – mas e se pela primeira vez na minha vida eu fizesse uma escolha? E se tentasse dar um novo significado a uma tarefa antiga e mudasse a minha atitude? E a verdade é que comecei a ver a minha vida a mudar por causa disso.”

Após avançar com o divórcio em 1999, o tenista voltou às vitórias, vencendo o French Open e o U.S. Open. Foi também nesse ano que Agassi viria a conhecer a sua futura esposa, a tenista alemã Steffi Graf com que se casou em outubro de 2001 e com que tem dois filhos: Jaden e Jaz.

Após vencer o Open da Austrália em 2000, 2001 e 2003, aos 33 anos Agassi voltou a ser considerado o nº1 do mundo, um título que estranhamente lhe valeu a entrada direta para o livro de recordes do Guinness como o jogador mais velho a liderar o ranking mundial de ténis.

Após 21 anos de carreira, o tenista anunciou a sua reforma em 2006 devido a intensas dores nas costas provocadas pela ciática. Fora dos campos, decidiu escrever uma autobiografia onde viria revelar alguns dos segredos mais bem guardados da sua carreira. Em 2009, ano de lançamento de ‘Open’, o livro entrou para a lista de best-sellers do New York Times.

Apesar das críticas que recebeu por parte dos colegas de profissão, Andre Agassi explicou que este livro sempre teve um propósito muito específico: ajudar outras pessoas que estivessem na mesma situação que a sua. “Acho que há milhões de pessoas que estão presas em casamentos que não querem e que odeiam aquilo que fazem. Acho que se encontrarem inspiração no facto de ter passado do 141º para o 1º lugar do ranking mundial e lerem a minha história, seria muito inspirador.”

Em 2011 entrou para o International Tennis Hall of Fame onde fez um discurso emotivo e fez questão de agradecer à famílias e ao fãs o apoio que recebeu ao longo da sua carreira.

"Apaixonei-me pelo ténis já bastante tarde, mas a razão pela qual tenho todas as coisas que me são queridas deve-se ao facto do ténis me ter amado de volta. Fico emocionado, humilde, um pouco aterrorizado por estar diante de todos vocês neste momento. Senti-me vulnerável muitas vezes no court de ténis mas nunca como me sinto hoje. Cresci diante dos vossos olhos. Viram os meus altos e baixos. Rimos, chorámos juntos. Hoje posso dizer com clareza que vocês me deram mais compaixão, compreensão, amor do que esperava e muito mais vezes do que alguma vez mereci."