Diana Taveira é do norte e é um dos rostos da MTV. Saiu de casa dos pais, em Vila Nova de Famalicão, Braga, há cerca de 11 anos para tirar a licenciatura em Coimbra, onde foi a primeira mulher presidente do Órgão Máximo da Associação Académica de Coimbra. Mais tarde veio para Lisboa tirar o mestrado e tentar a sua sorte como apresentadora. E conseguiu.

Depois de ter participado em castings durante oito anos, a MTV reconheceu o seu talento e foi chamada para integrar a equipa da estação, onde trabalha há já dois anos.

Aos 29 anos, descreve-se como uma pessoa que “gosta de viajar, ter conversas interessantes, experimentar restaurantes novos e baratos, e, sem esquecer, da sua família com quem tem uma “relação muito próxima”.

Gosta daquilo que faz e mantém uma relação muito próxima com os artistas. Uma das razões para ter escolhido este trabalho foi a oportunidade de “conhecer a parte de trás do mundo da música”, algo que a deixa “fascinada”.

Com todas as suas energias positivas e um sorriso contagiante, Diana Taveira esteve à conversa com o Fama ao Minuto e falou abertamente sobre o percurso que teve de percorrer para chegar até aqui.

Como e quando é que nasceu o gosto pela televisão?

Gosto de tudo o que implique falar em público. Desde a escola sempre gostei de tudo o que havia para apresentar peças. Queria ser sempre eu a estar em frente a toda a gente nos auditórios. Esta vontade de comunicação sempre tive. Conforme fui crescendo, fui conhecendo e identificando os meus interesses e comecei a compreender perfeitamente que uma das grandes pontes da minha vida era a comunicação. E daí os vários interesses que tenho. Adoro televisão e este convite surgiu há dois anos.

Quando fez o casting para a MTV, era um sonho vir a servir este canal ou foi o que surgiu na altura?

Queria mesmo ser apresentadora da MTV. Não desisto. Era aquela que era capaz de ir fazer melhoria na faculdade aos exames só porque queria ter aquela nota. Sempre fui muito insistente em tudo na minha vida. Fui durante oito anos a castings para a MTV. Ao longo desses anos 'morria na praia'. Nunca ganhava, mas ficava nos finalistas. O que aconteceu é que eu fui ao mesmo casting da Ana Sofia [Martins], há quatro anos. Ela venceu o casting e depois, passado dois anos ligaram-me, porque a Ana Sofia tinha saído do canal, foi para a generalista e fez o percurso enorme que todos nós conhecemos, e convidaram-me diretamente para entrar, tendo em conta que no casting teria sido uma das pessoas de que eles gostaram mais.

Às vezes, ainda há um bocadinho de preconceito da malta que não é de Lisboa

Por ser uma rapariga do Norte, e ter vindo sozinha para Lisboa, isso fez com que sentisse falta de confiança?

Não tenho falta de confiança absolutamente nenhuma. Acho que isso também tem muito a ver com a educação que temos, com a força familiar que acabo por ter e do apoio que tenho. Nunca saí desmoralizada de um casting. Vim para cá com uma ideia muito bem definida daquilo que queria, que era tirar o mestrado e ao mesmo tempo começar a trabalhar em televisão. Comecei a correr atrás disso. Ainda não temos o nosso grupo de amigos, vimos sozinhos e estamos um bocadinho desamparados a nível de rede social. Às vezes, ainda há um bocadinho de preconceito da malta que não é de Lisboa. Volta e meia ainda saem assim umas 'boquinhas'... principalmente no início, quando chegamos e temos a pronúncia mais cerrada, alguns hábitos que trazemos connosco de lá de cima, e muitas vezes ainda há assim umas boquinhas que são desconfortáveis. Especialmente quando estamos aqui sozinhos. Isso tudo se ultrapassa.

Começou agora com uma rubrica na MTV, no dia 14 de julho...

Exatamente, é o 'MTV Summer Sessions'. Já há três anos que a MTV tem esta rubrica. A equipa acaba por ir toda para o Algarve durante os meses de verão e é tudo produzido e feito a partir de lá. É um ritmo muito alucinante de gravação porque há festas praticamente todos os dias. Temos de estar a gravar durante o dia em pontos bonitinhos e turísticos do Algarve, ao mesmo tempo também temos de estar a ver se a edição está a correr bem. É todo um conjunto de coisas a acontecer numa equipa pequena que faz muita coisa, mas conseguimos. É um processo muito complicado ao longo de sete semanas muito intensas, praticamente não há descanso.

Acima de tudo, esta é a profissão em que não há horários. Tenho dias completamente diferentes um do outro e isso dá-me pica, motivação

Apesar dos moldes da MTV serem diferentes dos generalistas, agora que está ligada a este ramo, como descreve a profissão de uma apresentadora?

Acima de tudo é a profissão em que não há horários. Temos de estar sempre disponíveis para gravar a qualquer momento. Um dos apresentadores tem de estar sempre em Lisboa disponível caso surja uma entrevista, por exemplo, durante o fim de semana. Temos de estar sempre a gerir as nossas agendas de acordo com isso. Acredito que quanto mais profissional se for mais as pessoas nos vão dando valor ao longo do tempo. Mas sim, é o prescindir muitas vezes de ir ter com a família, sair à noite com os amigos. Adoro porque não gosto de trabalhos das 9h00 às 17h00. Para mim o registo da MTV é perfeito por causa disso. Tenho dias completamente diferentes um do outro e isso dá-me pica, motivação.

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Mas correspondeu às suas expectativas ou achava que ser apresentadora era algo diferente?

Correspondeu, mas no caso da MTV estamos envolvidos em mais coisas, na produção da peça, na edição, fazemos os guiões, muitas vezes até estamos envolvidos na conceção criativa da peça. A MTV tem uma forma de trabalhar um bocadinho diferente de outros canais, porque envolve os apresentadores, se eles pretenderem, desde o primeiro passo até ao último, da conceção de todas as peças que fazemos. O que dá trabalho é isso porque a parte do estar em frente à câmara é 10% desse trabalho. Gosto muito dessa parte de 'back office' de televisão porque eu comecei como produtora e acabo por ligar os dois mundos.

A MTV é isso mesmo. Encontra os talentos e potencia-os. É a casa onde se descobrem as próximas caras da comunicação

Gostava de um dia apresentar um programa num canal generalista?

Claro que sim. Temos o verdadeiro exemplo de que todas as apresentadoras da MTV - Filomena [Cautela], a Ana Sofia e a Luísa Barbosa - acabaram por dar o salto para a generalista porque a MTV é isso mesmo. Encontra os talentos e potencia-os. É a casa onde se descobrem as próximas caras da comunicação que depois irão fazer o seu percurso. A MTV é rotativa. Fica-se lá dois, três anos e depois acaba-se por dar o salto e vêm novos jovens, novas caras. Acaba por ser natural, há sempre uma necessidade de renovação e acredito que mais cedo ou mais tarde possa surgir o convite para ir para a generalista. Gostava mesmo de fazer entretenimento num canal generalista, como é óbvio.

Tem algum ídolo que a inspire neste ramo?

Tenho sempre de dizer a Catarina Furtado, mas ela já é da velha guarda. Gosto dela pelas causas sociais a que se associa e ao mesmo tempo tem um trabalho na área do entretenimento. Concilia a área política e a área profissional em comunicação muito bem, que são áreas que me fascinam. Mas também gosto muito da Sílvia Alberto. Eu não sou nada de ir falar da minha vida privada para as revistas e tanto a Sílvia Alberto como a Catarina Furtado também são pessoas discretas. Nós só sabemos aquilo que elas querem, só é comunicado aquilo que elas permitem. Na área do entretenimento é-se muitas vezes conhecido pelas ligações pessoais e elas são o exemplo de que isso não interessa para conseguirem terem um cargo credível como apresentadoras de televisão. E eu acredito nisso.

Menosprezamos um bocadinho o país onde vivemos porque falta-nos viver mais lá fora

Sonha um dia poder conquistar novos povos e trabalhar noutros países?

Costumo dizer que a minha segunda casa é Londres, passo muito tempo lá, e esta seria a cidade que eu consideraria viver. Mas por mais que viaje, quando volto, penso que não há nada melhor que Portugal e nós não temos noção disso. Às vezes menosprezamos um bocadinho o país onde vivemos porque falta-nos viver mais lá fora. Já viajei mesmo muito e também gosto muito de Los Angeles, acho que tem tudo a ver comigo e com a área da comunicação, mas também não me imaginaria a fazer lá família. Portugal tem toda a estrutura, qualidade de vida, tem tudo e mais alguma coisa para todo o tipo de pessoas quer se ganhe 700 euros por mês ou cinco mil. Gosto de morar cá, principalmente em Lisboa. Não tenho qualquer tipo de pretensão em ir para fora.

Há uma frase que me costumam dizer que é: 'Eu sou demasiado branca para ser preta e demasiado preta para ser branca'

Em algumas entrevistas confessou que em alguns castings não era aceite por causa da sua figura. Acha que isso acontece por haver um estereótipo de figura pública?

Lá fora o paradigma está a mudar completamente, o estereótipo está a mudar completamente. O que interessa agora é ter pessoas de todas as formas, feitios, cores... Cá, essa mentalidade está um bocadinho fechada e é conservadora na televisão porque eles pontualmente até dão oportunidades a pessoas diferentes para entrarem em alguns projetos, mas raramente há uma continuidade. Quando Portugal é tão rico, tão multicultural. Vivemos num país que tem uma riqueza a nível de imagem porque temos tantas misturas e influências de tantos países do mundo por causa de todos os lados por onde andamos a navegar. A MTV acho que acabou por ser a pioneira ao ter contratado a Ana Sofia. E depois continuaram com outra VJ que não tem uma imagem típica.

Há uma frase que me costumam dizer que é: 'Eu sou demasiado branca para ser preta e demasiado preta para ser branca'. Nunca percebem muito bem onde é que eu me encaixo a nível de imagem. Implicavam com isso ou com o facto de que tinha de emagrecer. Nunca tive qualquer questão nesse sentido no canal onde eu estou, mas tive noutros castings onde fui para outros sítios. Acho que isso não interessa acima de tudo, mas sim que nós comuniquemos e façamos passar a nossa mensagem. Transmitirmos a nossa personalidade quando estamos em frente à câmara e não estarmos a parecer pessoas sem qualquer tipo de energia a falar com o público. Isso sim, é o mais importante.

Acha que o facto de se ter mantido fiel à sua figura e de ter ignorado essas críticas vai, de certa forma, ajudar a que o estereótipo definido venha a mudar?

Espero bem que sim. Essa ideia acredito que vai acabar mais cedo ou mais tarde. É o processo natural da evolução humana, neste caso é da evolução portuguesa a nível televisivo, porque os EUA e o Brasil já estão muito mais à frente. As pessoas não vão ligar se a apresentadora perdeu dez quilos. O que é que isso interessa?

Se não tivesse conseguido enveredar neste mundo, havia uma outra opção a nível profissional?

Abri uma empresa este ano em Lisboa com a ajuda da minha família. Abri uma agência de comunicação de online storytelling e de produção de conteúdos. Está a correr bem. Tenho um pai que é empresário há 40 anos, portanto, acho que me está no sangue querer ter um negócio próprio. O mestrado que vim para cá tirar foi de comunicação e marketing, também tenho uma especialização na área de marcas de luxo. Formei-me nessa área caso não conseguisse a área da apresentação. Mas se não tivesse conseguido tinha continuado a ir a castings até conseguir... Mas efetivamente um plano B é fundamental na televisão porque há sempre miúdas mais novas a aparecer e nós temos poucos canais generalistas em Portugal.