A tenista russa Maria Sharapova de 28 anos, pouco mais de dez anos após ter vencido o seu primeiro torneio em Wimbledon (aos 17 anos), no alto dos seu 1,88 metros é o foco de outras atenções que trespassam os courts de ténis. Já fez alguns trabalhos como manequim e é uma das embaixadoras da Nike, sendo uma das atletas internacionais da nova campanha da coleção de outono/inverno 2015/16 Nike Tech Pack, ao lado de Neymar, Kevin Durant e Cristiano Ronaldo, entre outros.

Head, Tag Heuer, Porsche, Avon e Evian são outras das marcas pelas quais dá a cara. A vencedora de cinco torneios Grand Slam, Maria Sharapova é, também, a fundadora e a criativa da sua primeira coleção de doces premium, Sugarpova,  bem como proprietária da marca de protetores solares Supergoop. O seu papel como atleta muitas vezes confunde-se com o de empresária. A prova disso é que a atual número três do mundo é a primeira da lista da revista Forbes das dez atletas mais bem pagas do mundo nos últimos 12 meses.

Ainda assim um valor dez vezes menor do que o ganho pelo boxeur americano Floyd Mayweather, o atleta mais bem pago do mesmo ano. Apesar de todo o glamour na sua vida, Sharapova está a maior parte do tempo fora de casa, a viajar. «Gosto de viver de acordo com o equilíbrio 80/20», revela à revista The Edit, admitindo que, depois dos jogos, se mima com tapas.

«Não é apenas no que toca ao corpo, mas também à mente. Se eu sou disciplinada 80% do meu tempo e descontraio nos restantes 20%, então está tudo bem», afirmou ainda, momentos antes de explicar o segredo do seu sucesso. «Sempre acreditei que, quanto mais nos esforçamos nos dias em que ninguém está a ver e ninguém sabe, mais criamos realmente a nossa própria sorte e as nossas vitórias», assegura.

Quando entra em campo, assume algum tipo de atitude em particular?

A minha atitude sempre veio de dentro. Tenho uma personalidade muito forte e acho que isso se nota quando estou em campo. O meu mote é nunca desistir, lutar sempre até ao último ponto. É esse o meu lado rebelde. Mas tento sempre manter a elegância…

A sua persona dentro do campo corresponde à de fora do campo?

Eu diria que, provavelmente, sou um pouco mais brincalhona quando não estou em campo. Durante um jogo, tento estar sempre mais concentrada para não cometer deslizes. Se bem que isso acontece a toda a gente e temos sempre de reagir com bom humor. Mas sem dúvida que sou mais tranquila fora do campo do que em campo.

Quão importante é para si o estilo dentro de campo?

A moda, em geral, seja no desporto ou não, é algo muito individual. Podemos fazer as coisas à nossa maneira com a nossa personalidade e o nosso tipo de jogo. É assim que eu tenho visto a minha carreira. O meu look não é construído apenas por causa das cores ou dos padrões. É sempre por causa dos detalhes, provavelmente aquilo que as pessoas nem sequer vêem das bancadas.

Mas, quando temos uma peça na mão ou a vemos em movimento, fica tão mais bonita do que qualquer outra coisa que se vê todos os dias. E é isso que me entusiasma naquilo que uso em campo…

Veja na página seguinte: Como a tenista lida com o insucesso

Quanto mais trabalha mais sorte tem. Esta frase é parte de um lema seu. O que é que significa para si?

Sempre acreditei que, quanto mais nos esforçamos nos dias em que ninguém está a ver e ninguém sabe, mais criamos realmente a nossa própria sorte e as nossas vitórias. É aí que ganhamos os nossos troféus. Não nos apercebemos realmente disso, porque não está lá ninguém para celebrar connosco.

Não temos ninguém a entrevistar-nos às oito da manhã ou às nove da noite. Mas essas são as alturas em que criamos as nossas vitórias. O sucesso vem tanto dos dias em que passamos fora do campo como dos que passamos nele.

Como é que lida com o insucesso?

Eu acho que o insucesso só existe se não conseguirmos ver as coisas pela positiva. Tento sempre enumerar três coisas que podem advir de uma situação má. Quando não consigo pensar em três coisas, digo então «OK, é um insucesso». Mas, geralmente, consigo. É um exercício bastante bom e já consegui tornar coisas más em coisas positivas.

Sente a mesma pressão fora e dentro de campo?

Provavelmente sinto mais pressão fora de campo do que dentro. Mesmo a subir ao pódio para receber alguma coisa ou a fazer um discurso ou a conhecer pessoas, sinto que tenho mais pressão nesses momentos do que em campo. Quando estou em campo, tudo depende dos meus instintos e da utilização do conhecimento e experiência. Mas quando estamos nesses momentos fora de campo, não podemos confiar apenas no que praticamos a nossa vida toda.

Se não fosse jogadora de ténis, qual seria a sua profissão?

Sempre disse que, se não fosse jogadora de ténis, estaria em arquitetura. Sempre adorei criar e a criatividade. Sempre adorei ver uma ideia que é só um esboço num pedaço de papel a ganhar vida e tornar-se em algo que pode ser atravessado, visto e tocado por pessoas. É preciso uma multidão para criar algo. E dar vida a uma coisa que era só uma visão num papel é um processo incrível…

Tem muitas paixões fora do campo, como é o caso do design, dos negócios e da moda. Como é que se mantém tão curiosa?

Adoro aprender. Adoro adquirir conhecimentos em áreas onde não sou muito boa, quer seja na publicidade, nos negócios ou no design. Nunca podemos ser um especialista em tudo mas podemos sempre aprender qualquer coisa de outras pessoas. Aprendi muito ao longo da minha carreira e utilizei sempre esse conhecimento nas minhas diferentes parcerias e negócios. Tenho esta paixão porque tudo me entusiasma, especialmente pequenas coisas que eu nunca pensei que viria a conhecer.

Veja na página seguinte: Os indispensáveis da tenista em viagem

Sendo uma jogadora de ténis profissional, viaja bastante. Quais são as coisas que tem de ter consigo quando viaja?

Quando vivemos de uma mala de viagem durante tantos meses ao ano, sentimos que todas as peças que temos dentro dela têm que combinar muito bem umas com as outras. Muitas pessoas perguntam-me qual é o meu estilo favorito e eu respondo «Bem, gostava de poder responder a isso, se realmente tivesse um armário durante os doze meses do ano». Mas quando o guarda-roupa está limitado, temos que usar o que existe e fazer muito bem as malas.

Dito isto, sou bastante casual. Pode parecer que vou a muitos eventos e jantares glamorosos mas, na verdade, o tempo que passo fora de campo e os jantares que tenho são muito informais. Por isso, sinto que todas as peças têm que combinar muito bem entre si, quer seja num estilo desportivo com um pouco mais de glamour ou apenas uns jeans com uma t-shirt mais cool, um ótimo casaco e um bom par de saltos.

Costuma usar ténis quando não está em campo?

No início da minha carreira, passava tantas horas de ténis que, quando estava fora de campo, só queria usar sabrinas, botas de sola rasa e coisas do género. Mas, a pouco e pouco, durante o ano passado, comecei a juntar mais ténis ao meu guarda-roupa. Nunca fui muito de usar jeans.

Mas agora estou a usar mais e, por isso, adoro usar ténis com jeans, especialmente os Nike Air Max. A minha coleção está a crescer. Antes era essencialmente de ténis de desporto, mas agora sinto que tenho um poucco mais de variedade na minha coleção.

Texto: Joana Brito