É longe do ecrã, nos momentos mais simples, saudáveis e nos afetos, que fica o centro do seu mundo. Sofia Cerveira tem um tom sereno e uma elegância natural. Aos 39 anos, a apresentadora de televisão, que também já trabalhou como repórter e como atriz, admite que planeia o futuro mas assume que não tem pressa de o viver. «Continuo a estudar representação, seja com aulas particulares, seja integrando workshops. É fundamental apostar na formação para poder enfrentar os desafios. E estou muito empenhada», confessa.

Destaca-se pela forma elegante e reservada como conduz a sua vida privada. Sempre foi assim?

Sempre. Para mim, não faz sentido ser de outra forma. É algo natural. Sou um livro aberto em relação à minha vida profissional, mas guardo para mim, e para os meus, o lado mais íntimo. Tento encontrar um lugar de equilíbrio onde partilho o que penso ser importante, que é o que me tornou visível, ou seja, o meu trabalho.

Como são os seus dias?

Gosto de acordar cedo e de aproveitar essa altura, em que estou descansada e cheia de energia, para trabalhar em casa, preparar textos, fazer pesquisas ou dedicar algum tempo ao meu bem-estar, com uma ida ao ginásio ou ao spa. Neste momento, a par da apresentação do programa «E-Especial», na SIC, apresento o programa «Passadeira Vermelha», na SIC Caras, uma semana por mês, em direto. Continuo a estudar representação, seja com aulas particulares, seja integrando workshops. É fundamental apostar na formação para poder enfrentar os desafios. E estou muito empenhada.

Conte-nos coisas sobre si que dizem muito da sua personalidade...

O centro da minha vida é a minha família. Somos um núcleo duro muito compacto, dedicado e ligado. Os meus pais sempre nos incutiram o valor da família, da união, da entreajuda, do apoio, da divisão de tarefas, enfim de privilegiar e cultivar a ligação entre irmãos e o respeito pelos mais velhos, assim como pelos nossos pares.

Sinto-me privilegiada por partilhar o meu dia a dia com a minha avó, por ir buscar as minhas sobrinhas à escola sem estarem à espera, por ir ao parque com o meu sobrinho ou passar uma noite à conversa com os meus pais. Os meus amigos são a extensão da minha família. Sempre que posso, dedico-me a eles.

Para quem convive tão intensamente com um universo sofisticado, que hábitos simples a fazem feliz?

Pisar a areia da praia, comer um gelado com os meus sobrinhos, deixar-me levar pelas brincadeiras das crianças, não ter nada para fazer, ver um bom filme...

O que lhe é essencial para ter a autoestima em forma?

Estar bem comigo mesma. Saber que sou do bem, viver tranquila e dormir descansada todas as noites, com a certeza de que sou fiel aos meus princípios, os tais que vêm desde a infância. Dar o meu melhor em tudo o que faço, dedicar-me ao máximo ao que me proponho e pôr amor em tudo o que faço.

Há qualquer coisa de muito sereno que passa para nós quando a ouvimos. Que hábitos a ajudam a cultivar a calma?

Tento sempre ver o lado bom das coisas. Rodear-me, cada vez mais, dos que amo e me fazem feliz. Atitude positiva perante a vida! Espírito solidário. Não há nada mais gratificante do que podermos ajudar o próximo. Aprendi a relativizar e a dar verdadeira importância apenas ao essencial. Isso ajuda a focarmo-nos. E o foco é importante, numa sociedade exigente em que, de facto, é tão fácil perdermo-nos.

Tem uma profissão exigente em relação à imagem. Como é ter de se estar sempre irrepreensível? É trabalhoso, complicado ou algo de que gosta?

Gosto, acima de tudo, de me sentir bem comigo mesma. E quem não gosta de cuidar de si? No dia a dia, aposto na simplicidade e no conforto. As cores vão muito de acordo com o meu estado de espírito e gosto de transmitir aos looks casuais um toque trendy, chique e elegante que, muitas vezes, passa por um simples acessório mas que faz toda a diferença. 

Sou bastante curiosa, leio muito e gosto de estar a par das tendências. Quando é oportuno, aproveito para mostrar o meu lado mais ousado. Nos compromissos profissionais que exigem um maior cuidado, conto sempre com a minha dream team (make-up, cabelos e stylist) que me ajuda e aconselha e, juntos, chegamos ao equilíbrio perfeito.

Que rituais de beleza não falha?

Proteger, limpar e hidratar a pele são os melhores cuidados. Por isso, nunca saio de casa sem protetor solar e, hoje, muitos hidratantes já têm essa proteção. No verão, na praia, não dispenso um fator de proteção solar 50. Limpo a pele de manhã e à noite e tenho sempre o cuidado de me desmaquilhar, seja a que horas for. Uso um bom sérum, creme de dia e de noite e de contorno de olhos. Tenho também cuidado com o meu cabelo, com proteção no verão e máscaras durante todo o ano.

É embaixadora de uma marca de suplementos de beleza lançada agora em Portugal. Porque aceitou o convite?

Sinto-me muito honrada por ser a embaixadora de Imedeen. É a marca de beleza nesta área com mais fundamentação científica, o que me transmite toda a confiança. Está presente em 45 países e agora, finalmente, em Portugal. Para mim, é fundamental estar sempre bem. Imedeen responde a essa necessidade, uma vez que atua na derme, onde os cremes por norma não conseguem chegar. Tomo há cinco meses e estou muito feliz com os resultados.

Tem cuidados com a alimentação?

Reeduquei a minha alimentação, desde que fiz uma análise de intolerância alimentar, o Yorktest. A minha dieta não inclui ingredientes aos quais sou intolerante, como trigo, fermento, leite de vaca, sésamo e soja. Há quase um ano, nasceu a Alimenta – Associação Portuguesa de Alergias e Intolerâncias Alimentares, da qual sou orgulhosamente embaixadora, que faz um trabalho louvável ao divulgar o conhecimento e ao promover a sensibilização para as doenças do foro da alergia e da intolerância alimentar.

Que regras a ajudam a manter a linha?

O meu pequeno-almoço é sempre tomado em casa. Opto por um almoço razoável e um jantar mais leve. Nunca misturo proteínas com hidratos de carbono. Privilegio uma alimentação com vegetais, leguminosas e sementes. Não toco em fritos, evito os doces, como fruta fora das refeições e bebo muita água. Não bebo café nem bebidas gasosas. Não sou fundamentalista e se me apetecer muito alguma coisa como, mas tento manter algumas regras para que sejam mesmo exceções.

Pratica exercício físico?

Comecei a correr quando vivia no Brasil. É libertador. Quando posso e me sinto com energia, lá vou eu. Faço pilates, que trabalha o fortalecimento muscular. Com movimentos, às vezes, quase impercetíveis, os exercícios requerem uma enorme concentração. Também trabalho a respiração e a postura. Está a ser uma aprendizagem fantástica.

O que quer estar a fazer dentro de dez anos? E o que não quer?

Tento viver a minha vida dia a dia. Viver no presente, aproveitar o hoje. Claro que planeio a vida, até porque sou bastante organizada, mas mais a curto e médio prazo. Vivemos numa era em que tudo é tão rápido, de acesso tão fácil e descartável... Encontramos um trabalho, já estamos à procura de outro. Acabam as férias e já estamos a pensar nas próximas… 

Temos pressa de quê? É tão bom deixarmo-nos levar por cada dia da nossa vida. O tempo me dirá e encaminhar-me-á na direção certa, mas a comunicação e a representação são os grandes amores da minha vida. Serei uma mulher feliz se puder continuar a concretizar-me nestes dois mundos. E, noutros, quem sabe?

Texto: Nazaré Tocha com Carlos Ramos (fotografia)