Rita Pereira tem uma opinião clara sobre as críticas feitas à sua colega Jessica Athayde, que recentemente se “atreveu” a desfilar em biquíni na Moda Lisboa quando, no entender de certas más-línguas femininas, deveria ter ficado em casa, por (imagine-se!) ser “gorda”. No entender da nossa entrevistada, “a mulher portuguesa tem uma grande facilidade em dizer mal” da vizinha e, desta vez, a vítima foi Jessica, que, ainda por cima, “é boa todos os dias!...”

Qual é a sua opinião sobre a polémica que rodeou a participação de Jessica Athayde como manequim na recente Moda Lisboa?

Disse à Jessica foi que percebia perfeitamente o que ela estava a sentir. Eu vivo isto há dez anos: mulheres a tentarem arrasar comigo, seja quando passam por mim na rua, seja nas redes sociais, seja em desfiles ou noutros trabalhos. Viajo muito e posso dizer que isto de dizer mal é uma coisa muito portuguesa.

Quer dizer que as mulheres portuguesas são mazinhas umas para as outras?

Sim. Sinto que a mulher portuguesa tem uma grande facilidade em dizer mal e começamos logo pelas jornalistas. Muitas vezes sei que determinada jornalista diz mal de mim só porque naquele dia embirrou comigo. Obviamente que a quantidade de pessoas que diz bem é muito superior à que diz mal. Mas acho que a Jessica Athayde fez muito bem em ter reagido publicamente com um texto-resposta muito positivo. Ela não veio defender-se a dizer que não estava gorda, mas sim chamar a atenção para a forma tão natural como a mulher portuguesa diz mal da outra.

Mas a verdade é que, no mundo das passerelles, as mulheres continuam a ter que ser magras, sem curvas…

Isso já não sei se concordo tanto… Acho que as mentalidades estão a mudar e, mesmo ao nível da moda, já vemos muitas raparigas com formas a desfilar. As pessoas que disseram que a Jessica estava gorda são mulheres que querem criticar, pura e simplesmente, porque ela é boa todos os dias!... (risos)

E como é que a Rita lida com as críticas que lhe são atiradas na rua?

Quando me atiram esse tipo de críticas as pessoas nunca me olham nos olhos. Quando olho, as pessoas calam-se. Mas lido muito bem. Gosto muito de confrontar as pessoas. Não tento mudar-lhes a opinião. Às vezes falo com elas e tento perceber o porquê e é engraçado ver como tais pessoas acabam por se sentir desconfortáveis. Muitas vezes, as pessoas até fazem isso para chamar a atenção. Há uns meses, por exemplo, uma senhora disse-me no Facebook, num comentário a uma das minhas fotos: “As plásticas estão a dar resultado”. E eu respondi-lhe: “Sem dúvida nenhuma, a sua cara está muito melhor”. O assunto saiu na imprensa e nos dias seguintes apareceram dezenas de pessoas a falar mal de mim. Muitas vezes os “haters” (pessoas que odeiam) nem o são, apenas querem chamar a atenção e, se calhar, aparecer nas revistas, como foi o caso da história com aquela senhora.

Não consegue passar ao lado desse tipo de provocações?

Por que hei-de fazê-lo? Por que hei-de deixar de ser eu? Porque é politicamente correto? Acho que as pessoas me seguem, também, por eu ser assim. E às vezes apetece-me responder. São estas pequenas imperfeições que fazem com as pessoas se identifiquem comigo. Responder é também uma forma de nós, enquanto atores, estudarmos as reações das pessoas. Um avião atrasado para mim nunca é um drama. Adoro sentar-me no aeroporto e observar as atitudes das pessoas, a sua forma de estar, de andar, etc.. Absorvo imenso para a minha profissão.

Recentemente, a Rita foi reconfirmada como embaixadora da Oriflame. O que significa essa distinção para si?

Significa que o primeiro ano deu frutos e o facto de ter sido escolhida para um segundo deixa-me muito orgulhosa. Também fico muito feliz por saber que sou a única figura pública a representar a marca num país. A Oriflame Portugal resolveu apostar nisso com o apoio da Oriflame Internacional, ficaram super-contentes e deram-me mais um ano.

Veste a camisola das marcas que representa? Podemos, por exemplo, ver produtos das marcas que promove em sua casa?

Todos os dias recebo dezenas de pedidos de marcas, de produtos, salões de beleza, etc., a pedirem-me para ser a imagem deles. Mas não gosto de ter muitos produtos, gosto de ter poucos mas muito bons. Sei que sou seguida por milhares de pessoas e não faz sentido nem me sinto bem a falar de um produto em que não confie.

Sai de casa sempre maquilhada?

Nunca! Nem pensar. Nas redes sociais devo ser a pessoa que coloca mais fotos sem maquilhagem. Apesar de ser embaixadora da linha “True Perfection” da Oriflame, acredito nas pequenas imperfeições de cada pessoa. E acredito mesmo que tenho bastantes seguidores porque exponho essas pequenas imperfeições e dou força às pessoas que também as tem.

Qual é a sua opinião sobre as intervenções estéticas. Era capaz de fazer alguma?

Sim, depois de vir a ser mãe sou capaz de retocar o peito ou mesmo pôr silicone se acreditar que ficarei melhor, porque a minha profissão também pede para estarmos bem fisicamente. Acho que as intervenções estéticas são aceitáveis até ao ponto em que não transformem em absoluto a cara e o corpo. Mas concordo que se a pessoa se sente bem com isso, deve fazê-lo.

Sente que a sua profissão a obriga a ser escrava da imagem?

Sim, sinto um bocadinho. Mas não sou a pessoa certa para falar sobre isso. Saio à rua sempre descontraída, de fato de treino se for preciso, e sem maquilhagem. Mas também tenho a sorte de as pessoas me darem sempre 25 ou 26 anos quando já vou nos 32.

Sente que tem de estar sempre em forma?

Sim. Sinto que tenho de estar em forma durante todo o ano e não apenas no verão, como fazem as pessoas que não têm de estar na televisão. Mas como adoro fazer exercício físico, não me custa, ao contrário do que acontece com algumas colegas minhas, para as quais o ginásio e o desporto são um sacrifício. O exercício físico para mim é uma coisa natural.