A Associação SORRIR tem como missão promover e salientar a importância de sorrir para a saúde, não pela ausência de doença, mas enquanto bem-estar físico, mental e emocional.

O movimento O MAIOR SORRISO DO MUNDO nasce em 2013 para reforçar esta mensagem e representa alegria, amor, saúde e bem-estar.

Figuras públicas e empreendedores aderiram à causa e partilharam os seus testemunhos. Conheça a história de Ricardo Diniz.

O que é que o faz sorrir?

Ricardo Diniz: Os meus filhos. Desde muito cedo lembro-me de agilizar a minha vida de modo a ter tempo para os meus. Felizmente consegui construir o meu percurso de modo a ter tempo para eles. Sorrio com o sucesso dos outros, tenho muito gosto em ajudar, em ser um facilitador, ver as pessoas a atingir objetivos. Ser a primeira pessoa a chegar à praia, entrar no mar ainda de noite e ter a plena sensação de que sou o primeiro a entrar dentro de água, isso faz-me sorrir. Caminhar na natureza e ter tempo de estar sozinho e parar, é algo que me faz feliz.

Qual é que foi a maior adversidade pela qual já passou?

Ricardo Diniz: Foi muito difícil com quatro anos ver a minha mãe sair de cena e o meu pai ir para Inglaterra quando se divorciaram, mas depois custou-me ainda mais ir viver para Londres com o meu pai. Deixar a minha terra, a minha comida, a minha avó, a minha mãe, o meu clima. Hoje olho para trás e foi a primeira coisa positiva que me aconteceu na vida. Falo melhor inglês do que português. 80% do que atingi na vida não teria atingido se não falasse inglês, se não tivesse tido uma noção do mundo como tenho, se não tivesse tido uma noção de Portugal de quem cresceu fora de Portugal. Consigo perceber perfeitamente porquê é que sou como sou na minha paixão pelo país, a minha vontade de promover e falar de Portugal, tem tudo a ver com a minha infância.  Outra adversidade aconteceu na primeira vez que dormi na rua, em janeiro de 1998, em Düsseldorf, na Alemanha e foi horrível. Era um “sem-abrigo” de risco calculado. Tinha um back-up por ter família. Tomei a decisão de ir porque tinha mesmo de reunir com aquela empresa, que eu sabia que ia apoiar os meus projectos, e que ainda hoje o faz.

Agora que penso nisso, a minha maior adversidade foi em 2001, quando bati contra um contentor no meu primeiro projeto que demorei 4 anos a montar. Estive a nadar em alto mar mais de 24 horas até ser descoberto por um paquete. Senti que tinha desiludido tudo e todos, pela primeira vez na vida senti que tinha falhado. Demorei alguns anos a trabalhar com uma grande psicóloga de desporto para perceber que não falhei, dei o meu melhor, tive azar entre o privilégio de concretizar um projeto. “Só se molha quem anda à chuva”. Os navios deixam cair contentores e eu bati contra um deles, parti o meu barco todo, foi um azar. Mas na altura levei muito a sério, pensei: «esforcei-me tanto, levei 4000 mil “nãos” até ter o primeiro “sim”, estive quatro anos sem desistir e tive logo de perder o barco».

Como é que ultrapassou isso e não renunciou à sua vida de navegador solitário?

Ricardo Diniz: Com trabalho, com fé, com pensamento, com visualização do que aconteceu, tentar ver se podia ter feito mais, melhor e fazer as pazes comigo mesmo, com toda a situação e caminhando em frente. Falhar faz parte. Quando fazes as coisas sem ninguém saber tens uma situação pessoal, mas quando tens um grande patrocinador, a tua madrinha é a Rosa Mota e tens os media, aí falhas. Um jornalista que hoje é meu amigo, no ano 2001, fez um rescaldo e escreveu num jornal que «o pior do ano foi Ricardo Diniz». As pessoas não entenderam que tive um azar. Com 24 anos tive uma grande desilusão. Os primeiros a atacar foram as pessoas ligadas à Vela. Se forem ver os navegadores solitários franceses tantos já bateram em contentores, como eu fui o primeiro, criticaram-me muito e na altura baralhou-me. Hoje vejo isso como um sucesso, quando atingimos um certo patamar mais facilmente te podem criticar.