«Avesso», o álbum de estreia, confirmou-a como uma cantautora e uma das grandes promessas da música portuguesa. No futuro vê-se, como hoje, a escrever canções, não só para ela, mas para outros músicos. A meio do curso de direito, a paixão pela música falou mais alto e encaminhou-a para o Hot Clube de Portugal e para o jazz. «Na altura, só tinha duas alternativas», confessa. 

«A música clássica (que é uma formação muito sólida, mas muito diferente de tudo o resto) e o jazz, que era mais próximo daquilo que queria», recorda Joana Espadinha. Apaixonou-se por este estilo musical e isso levou-a, já com o curso de direito terminado, ao Conservatório de Amesterdão para se licenciar em jazz. Hoje, ao ouvirmos o seu álbum de estreia sentimos que se está a afastar desse início. Será por isso que o intitulou de «Avesso»?

«Não, como disse Mário Dias da TSF, a minha música saltou o muro e eu fui atrás dela, percebi que não precisa da improvisação e da linguagem do jazz, mas este vai ser sempre a minha escola, o porto seguro onde voltarei sempre», desabafa. Mas, voltando a «Avesso», Joana Espadinha diz que é um álbum de canções feitas por ela com influências do pop e do rock e com um bocadinho de jazz à mistura.

«O título é também uma canção, que está escondida no disco», refere, explicando que para ela o avesso «é o momento depois da tempestade, no qual até pode estar tudo destruído, mas as coisas são o que são, não há máscaras», como faz questão de sublinhar a intérprete de temas como «Branco», «Ao seu dispor» e «Desengano».

À procura do rock

Joana Espadinha não consegue apontar a sua música preferida do disco, no entanto, sabe associar a cada uma delas o momento em que as escreveu. «Umas foram escritas ainda em Amesterdão, outras quando regressei a Portugal. Umas são mais românticas, outras mais irónicas e cáusticas», assegura. Um exemplo disso é o primeiro single, «Ao Seu Dispor». «Lembro-me perfeitamente do momento em que a escrevi, andava de canal em canal e comecei a pensar sobre o entretenimento e sobre a solidão e fui para o piano», afirma.

Diz já ter letras para mais 10 discos, contudo, agora vai dedicar-se a este álbum «como ele merece», o que faz com que já tenha vários concertos marcados. A par da carreira a solo, quer continuar a trabalhar com outros músicos e a próxima colaboração já está marcada. Será com o Spyros Manesis Trio. Quando questionada sobre com quem gostaria de gravar, os nomes saem-lhe facilmente.

«Sérgio Godinho, Jorge Palma, Chico Buarque, Milton Nascimento, Radiohead, Björk e com Manuel Cruz, que é um grande letrista e cujo trabalho com os Ornato Violeta marcou uma geração», dispara. No futuro, quer continuar a escrever música e quer aproximar-se cada vez mais do rock. A música portuguesa recomenda-se. «Estão a acontecer coisas incríveis no nosso país, há cada vez mais cantatautores e isso faz-me estar optimista», conclui.

Texto: Rita Caetano