O movimento O MAIOR SORRISO DO MUNDO nasce em 2013 para reforçar esta mensagem e representa alegria, amor, saúde e bem-estar.

Figuras públicas e empreendedores aderiram à causa e partilharam os seus testemunhos. Leia a história de Francisco Varatojo, diretor do Instituto Macrobiótico de Portugal.

O que o faz  sorrir?

Francisco Varatojo: Eu sorrio com facilidade. A natureza faz-me sorrir. Pessoas simpáticas. Um livro, um bom filme.  As crianças fazem-me sorrir. Não é difícil sorrir.

Aquilo que o faz sorrir é o mesmo que o faz feliz?

Francisco Varatojo: Posso sorrir com coisas que não me fazem feliz. Posso sorrir com um fenómeno, por apreciar o paradoxo de uma situação e nem precisa de ser uma situação extraordinária.

E o que o faz perder o sorriso?

Francisco Varatojo: Intrigas, é algo com o qual me dou muito mal. Assim como com a hipocrisia. Saber que há pessoas que são exploradas. Pessoas que abusam conscientemente de outras, é algo que me faz perder o sorriso.

Qual foi a maior adversidade que já viveu?

Francisco Varatojo: Essa questão faz-me pensar, mas penso que a situação mais difícil foi ver um amigo morrer à minha frente. Esse amigo tinha um cancro terminal. Não havia nada que se pudesse fazer por ele. Ele pediu para não o levar para o hospital. Foi uma situação trágica. A conversa nesse processo foi uma conversa bonita, apesar de tudo, até com sorrisos.

Como ultrapassou essa adversidade?

Francisco Varatojo: Com o tempo… Na vida temos de lidar com situações destas. Aprendemos a lidar com isso. No dia seguinte às 9h da manhã também tinha uma consulta, precisamente com um doente que também tinha um cancro terminal. Faz parte da vida. Mas esse meu amigo morreu de uma forma pacifica, ele escolheu morreu com amigos e não numa cama num hospital.

Disse que deu uma consulta nesse dia. Costuma acompanhar situações de cancro terminal?

Francisco Varatojo: Sim. Quando se muda a alimentação, as pessoas mudam. Conheço muitas pessoas que recuperaram de cancro através da alimentação. É algo que é possível e depende muito do estado de espírito da pessoa. As pessoas mais optimistas são as que recuperam mais facilmente.

Que conselho daria aos portugueses que perderam o sorriso?

Francisco Varatojo: Procurarem dentro deles a resposta para ganharem o sorriso novamente. As pessoas estão com falta de valores e de confiança. O problema não é só a crise económica. A solução passa por ver de que forma esta crise nos pode ajudar a repensar os nosso valores. Acho que a crise é positiva até.

De que forma?

Francisco Varatojo: Pode ajudar a pensar na forma como vivemos, o tipo de economia que temos criado: viver acima das possibilidades, pedir empréstimos para tudo, considerar que somos mais felizes com mais dinheiro, isso são premissas erradas para mim.

Se pudesse deixar alguma história para os seus filhos lerem um dia, sobre o que seria?

Francisco Varatojo: O quanto somos responsáveis pela nossa vida. A nossa saúde, bem-estar e felicidade são da nossa responsabilidade, com as escolhas que fazemos. Somos nós os criadores da nossa vida. Eu sou responsável por mim. A minha felicidade é da minha responsabilidade. As escolhas que faço é que me permitem ser feliz, mesmo com altos e baixos. A felicidade absoluta não existe, mas nós podemos ter escolhas. Podemos culpar toda a gente, queixarmo-nos ou podemos assumir a responsabilidade, que poucas pessoas fazem. Se não sou feliz, o problema é meu e tenho de ser eu  a fazer alguma coisa, dessa forma não nos podemos queixar. Somos nós quem temos o “barco”, não significa que seja mais fácil, mas há queixas que não fazem sentido. As pessoas não gostam de assumir as escolhas que fazem. O que nós temos no momento é fruto daquilo que criamos, no dia-a-dia , com as escolhas que fazemos.

Entrevista: Mafalda Agante