Diariamente gravo muitas cenas, mas de facto há algumas que me tocam de forma mais profunda e que me fazem reflectir como foi possível seres humanos só por terem uma cor diferente da minha, sido tratado de forma tão bárbara...

As cenas em que se percebe o mau trato dos escravos e a humilhação que sofriam nas mãos dos seus Senhores de Engenho, pelos capitães do mato, que violavam as escravas a seu bel-prazer, as chibatadas que lhes davam com chicotes de couro, presos por correntes como verdadeiros animais selvagens e a forma como eram marcados como gado com o símbolo correspondente a cada dono de Fazenda são tocantes.

Nesta época, 1800, os escravos eram trazidos clandestinamente para o Brasil em tumbeiros, navios enormes, onde se amontoavam literalmente todos aqueles seres humanos, uns em cima dos outros, sem quase conseguirem respirar, no convés do navio.

Mulheres, homens, crianças, recém-nascidos e idosos eram acorrentados no pescoço, pulsos e tornozelos. Arrancados das suas terras, das suas tribos e colónias, muitos não sobreviviam a estas longas e dolorosas viagens e sucumbiam, ou esmagados, ou por doença, fome, até desespero. Esses eram atirados ao mar. Os que conseguiam chegar a terra firme, não tinham um futuro melhor à sua frente. Muitos tentavam suicídio comendo terra.

Um povo que teve de lutar muito para conseguir sobreviver, prevalecer...e o mais impressionante é que mesmo passados tantos e tantos anos de a escravatura ter sido abolida, o racismo ainda prevalece em demasiadas pessoas. Quando é que aprenderemos que vivemos debaixo do mesmo céu, na mesma terra, que respiramos o mesmo ar, que não importa a cor, a preferência sexual, a idade ou a língua que cada um fala?

O que importa realmente é que cada um seja feliz, à sua maneira e que há lugar para todos. Afinal de contas, a escravatura prevalece em pleno século XXI, pois muitos continuam a ser escravos do preconceito e do racismo e isso a história não conseguiu apagar...ainda.

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