Diana Marquês Guerra ficou conhecida, aos 10 de idade, como a pequena “Maria Barquinho” da novela “Filha do Mar”, da TVI. Foi estudar para Inglaterra, mas nunca esqueceu Portugal nem o sonho da representação. Aos 24 anos, voltou para brilhar no papel da caprichosa “Mariana” em “Jardins Proibidos” e, certamente, ainda vai dar muito que falar, como se percebe nesta conversa com o Sapo Lifestyle.

As gravações de “Jardins Proibidos” acabaram. É um projeto que lhe deixa saudades?
No jantar de despedida passaram um vídeo com umas cenas muito giras das gravações e confesso que, aí, veio-me uma lagrimazinha ao olho. Foi um projeto muito especial para mim, com uma equipa espetacular e onde fiz muitos amigos. Apesar de já ter representado em pequenina (na novela “Filha do Mar”, em 2001), este foi o primeiro grande projeto onde tive de trabalhar a sério. Já não era apenas uma menina de 10 anos a brincar. Empenhei-me muito e, desde os ensaios até ao final, foi uma aprendizagem enorme.

Esta participação nos “Jardins Proibidos” acabou por ser inesperada. Como aconteceu?
Já tinha estado por Portugal a fazer ‘castings’. Fiz umas participações mas nada de especial. Entretanto, voltei para Inglaterra. Ia começar o mestrado quando recebi um e-mail da minha agência para fazer um novo ‘casting’. Como estava a trabalhar, acabei por enviar um vídeo, que a produtora juntou a outros de ‘castings’ anteriores, e acabei por ficar com o papel da “Mariana”.

Enquanto esteve em Inglaterra manteve sempre o sonho de um dia regressar à televisão?
Quando fui sabia que queria voltar para Portugal mas na altura de escolher a licenciatura fiquei dividida entre a Biologia e a representação. A minha mãe deu-me força e eu acabei por tirar uma licenciatura que está relacionada com esta área, embora mais abrangente, para poder ter outras opções. Só depois é que vim a Portugal e contactei a minha agência, a Glam, e surgiu esta oportunidade cerca de ano e meio depois.

A ideia era ter mais oportunidades do que as que poderia ter em Inglaterra?
Nunca procurei muito em Inglaterra porque estudei em Manchester e as coisas acontecem todas em Londres. Vivi cerca de oito anos lá, mas a minha vontade sempre foi voltar para Portugal.

E regressou sem família?
A minha mãe continua em Inglaterra, mas tenho o meu irmão, avós e tios cá em Portugal. Passei a viver em Lisboa sozinha e isso, sim, foi uma aventura. Mas tinha cá o meu namorado que me apoiava muito e nunca me senti sozinha. E falo muito com a minha mãe.

O que sentiu a sua mãe com esta decisão de a Diana vir para Portugal?
A minha mãe terá sido a pessoa que mais me motivou e que mais me deu força para seguir esta profissão. Foi ela que sempre me disse para seguir o que eu gosto.

E o que vai fazer a seguir? Já há planos?
Vou fazer o mestrado porque tive que cancelar a inscrição. Ia começá-lo na altura em que a novela começou também. Mas agora vou investir num mestrado ligado a esta área e também quero fazer mais formação. Entretanto, estou à espera de novos projetos.

Que tipo de trabalho gostaria de experimentar a seguir?
Nunca fiz teatro e gostava de experimentar num registo amador, para aprender. Cinema é, também, uma área que me interessa. E, claro, televisão! Ainda agora comecei, isto para mim continua a ser novo e estou a aprender muito.

A Diana esteve numa novela com grandes audiências. Era muito assediada na rua?
Na primeira parte da novela não aconteceu muito. Agora sinto muito mais reconhecimento, mas, mesmo assim, as pessoas ficam na dúvida. As roupas, o cabelo, a maquilhagem são completamente diferentes e as pessoas têm vergonha de perguntar se sou eu. Sinto alguns olhares e, apesar da minha personagem ser muito mazinha, as pessoas que me abordam são sempre muito simpáticas.

Mesmo sendo mazinha, julga que a “Mariana” tem alguma coisa de si?
Em termos de personalidade, a “Mariana” é exatamente o oposto de mim. Vimos de meios completamente diferentes e a personalidade dela está moldada por aquilo que viveu. Sempre foi protegida, sempre teve aquilo que quis e quando não tem o que quer, aquilo não funciona muito bem. Aliás, eu nunca conheci ninguém como a “Mariana”.

E agora, está na altura de ir de férias?
Sim. Vou de férias, mas vou ficar aqui por Portugal. A minha mãe vem de Inglaterra visitar-me e vou até ao Algarve. Sou da Benedita, Alcobaça, e também vou percorrer as praias da minha zona. Uma semaninha em São Martinho do Porto está garantida.

No meio disto tudo, manteve contacto com os seus amigos de infância?
Fui embora quando tinha 13 anos e, curiosamente, os meus grandes amigos estão em Portugal. Mantive sempre contacto e até acho que acabei por criar amizades mais fortes por estar fora. Estive sempre a par de tudo, embora tenha criado também amizades em Inglaterra.

Foi difícil começar a viver sozinha em Lisboa?
Tirei a minha licenciatura a viver sozinha em Manchester, porque a minha mãe estava a três horas de distância e só nos víamos cada 15 dias. A parte logística não foi problema, porque já estava a fazer comida, arrumar a casa, lavar a roupa. O que mudou mesmo foi ter de começar a pagar as contas (risos). Mas correu tudo muito bem.

A Diana e o seu namorado já estão juntos há algum tempo. Ainda não pensaram em dar um passo mais sério?
Para já, não. Ainda somos novinhos e estamos a aproveitar a nossa juventude. Agora queremos viajar, conhecer sítios.

O seu namorado está ligado a área artística? Dá-lhe uma ajuda quando a Diana precisa de estudar os personagens?
Ele é de Direito e não liga muito. Eu também gosto de ler sozinha e depois estudar com os outros atores. Mas, claro, sempre que lhe peço ele ajuda-me.

Devido aos anos que passou em Inglaterra e à sua experiência de vida, sente-se, de alguma forma, diferente dos restantes jovens da sua geração?
Sim e não. Existem sempre pessoas que nos entendem melhor e outras que vivem noutro mundo e que possuem outras filosofias de vida. Acho que vai ser sempre assim. Vou encontrar pessoas que percebem o meu lado, que já passaram por coisas semelhantes às que eu passei, como emigrar, que são coisas que nos fazem crescer. E depois há jovens que nos fazem pensar que não lhes faria mal nenhum irem viver uns tempos lá para fora, para darem valor ao que temos e ao que não temos.

A que deu mais valor quando esteve fora?
Aos pequeninos momentos. Ir jantar fora com amigos, poder passar o Natal com a família toda… aqueles momentos em que estamos reunidos com as pessoas de quem mais gostamos. Acho que isso é o mais importante.