Projetar e abraçar a mudança. Sem medo. Assim se constroi o sucesso da apresentadora que voou para longe da sua zona de conforto, sem medo de enfrentar metamorfose atrás de metamorfose.

Aos 36 anos, Cristina Ferreira pesa 58 quilos e mede 1,70 metros.

Só não revela as medidas que já a levaram a ser eleitas uma das mulheres mais sexy do país.

«São as perfeitas para mim», limita-se a dizer a apresentadora, que também é empresária, bloguer e diretora de conteúdos não informativos na TVI.

Tem um blogue de sucesso, mais de um milhão de fãs no Facebook, co-apresenta um programa líder de audiências... Consegue distanciar-se de si própria e explicar o fenómeno Cristina Ferreira?

Às vezes, tenho alguma dificuldade em compreender tudo o que me tem acontecido. A demonstração de afeto por parte das pessoas é tão intensa. Creio que é por me sentirem verdadeira, por não fingir em momento algum. Essa é a única forma que sei fazer televisão. Talvez até a surpresa de não saberem o que esperar de mim faça com que tenham esse carinho especial

Mudou de imagem, assumiu o cargo de diretora de conteúdos não informativos da TVI. A mudança costuma acompanhar-se de receio. Sentiu-o?

Nunca. Sempre adorei mudar e gosto de olhar para o espelho e, de repente, ser outra. É um recomeço. No dia em que mudei de imagem com Bellady, pensei «perdi o meu ar de miúda rebelde e irrequieta». O cabelo castanho sensual deu lugar a uma mulher mais, poderosa. Sinto-me tão confiante e preparada para o futuro que acho que vou ser morena durante mais uns tempos. Qualquer mulher devia experimentar uma mudança pelo menos uma vez na vida.

Há um lado terapêutico na mudança?

Sim. Há quem mantenha o mesmo penteado a vida toda, mas é tão bom descobrirmos quem somos e que somos pessoas diferentes apenas com uma mudança no cabelo. Sentimo-nos estimuladas, o centro dos olhares. Isso é bom para qualquer mulher.

E a aceitação do novo cargo também aconteceu sem medos?

Não estava à espera que chegasse tão cedo. A responsabilidade é imensa e sinto a atenção centrada em mim, mas não tive receio. Teria se não me sentisse preparada, mas tenho uma base sólida para enfrentar o desafio. Estou muito entusiasmada e encaro as coisas sempre de forma muito positiva. Acontece o que tem de acontecer, se algo corre mal é porque tem de correr e alguma coisa de melhor estará para vir.

Por onde deve começar quem quer mudar para ser mais feliz?

Deve conhecer-se. Sem percebermos e testarmos os nossos limites não é possível. Isso não nasce connosco, é algo que vamos aprendendo, por vezes através de situações menos boas que nos acontecem, mas há sempre um momento em que se dá a volta. Nesse processo, o diálogo com os nossos é essencial.

O que faria bem às portuguesas alterar?

Faltará talvez acreditarem um pouco mais nelas próprias. Foi há muito pouco tempo que perceberam que têm capacidades infindáveis. As universidades estão cheias de mulheres e vemos cada vez mais líderes do sexo feminino. É preciso que percebam que mesmo que escolham caminhos errados há oportunidade de se voltar atrás. Não tenham medo do que a vida tem para dar.

De que é feito o sucesso?

De trabalho. Acredito que a vida tem algumas coisas reservadas para mim e outras que, se eu não for à procura, nunca me vão chegar. Portanto, sou eu que tenho de desbravar o caminho. As pessoas, às vezes, permanecem em profissões e em relações em que são profundamente infelizes, em locais e com amigos que já não lhes dizem nada, por comodismo, porque têm medo do risco da mudança, mas é precisamente aí que nos encontramos enquanto pessoas.

O que é que ainda precisa que lhe digam?

Preciso que me digam que estive mal. Só assim crescemos. Ainda hoje vejo o programa que faço e corrijo-me. Essa autocrítica é exigente mas só assim consigo entender o trabalho.

O que faz para vencer o stresse?

Planeio tudo e só gasto tempo no que é necessário. Também aprendi a gostar de caminhar sozinha à beira-mar, é o suficiente para recarregar energias. Depois há a serinidade da família.

Há pessoas que têm dificuldade em compreender o fenómeno Cristina Ferreira. Como lida com isso?

Nem todos aceitam ver alguém, como eu, tão despido em televisão, sem problemas em assumir o riso, a voz, com capacidade para brincar com isso e de ser frontal.

O que é que a faz feliz?

Faz-me feliz o meu filho acordar, chamar por mim e dizer «Mãe gosto muito de ti!». Acho que lhe ensinei duas coisas fantásticas, a pedir desculpa e a dizer que ama. É essencial na construção de uma pessoa. Se ele conseguir fazer estas duas coisas, consegue ser feliz.

Texto: Nazaré Tocha e Vanda Oliveira com Carlos Ramos (fotografia)