Depois de conhecer a dinâmica de uma redação na sequência de um complemento curricular fez, em 1998, um curso de formação interno na RTP e recebeu o convite para ficar no desporto.  Dez anos depois, rumou para a TVI24 e é hoje uma das caras mais conhecidas do jornalismo desportivo nacional, uma área onde as mulheres continuam a ser em minoria. Apresenta o programa «Maisfutebol» na estação de Queluz.

«Em algumas áreas profissionais como aquela em que trabalho, o jornalismo desportivo, as mulheres estão em desvantagem numérica em relação aos homens. Em termos sociológicos, contudo, ser mulher é vantajoso, revelam, por exemplo, os números das universidades. Todos os anos, há mais licenciados do sexo feminino do que do sexo masculino», refere.

Apesar dos avanços registados nas últimas décadas, ser mulher continua a obrigar a um esforço suplementar. «Nos meios de comunicação social, as mulheres são consideradas uma mais-valia profissional, mas para chegar ao mesmo patamar a que chegam colegas do sexo masculino têm de trabalhar mais», assume.

«Sou jornalista há 20 anos e, ainda hoje, principalmente no mundo do futebol, as mulheres continuam a ser vistas como alguém que se intromete. Por outro lado, se soubermos fazer uma boa gestão de carreira, temos mais a ganhar, exatamente pelo facto de o público  ser maioritariamente masculino. Não basta, contudo, ser uma cara bonita», afiança.

A maior flexibilidade que ser mulher exige

Embora eles continuem a predominar no jornalismo, elas têm vindo a ganhar terreno. Noutros países, como em Espanha com Sara Carbonero, tal também sucede. «Ter consciência do facto que não basta ser uma cara bonita e trabalhar sempre muito fez, e faz, com que nunca tivesse tido grandes dificuldades em integrar-me. Nunca senti exclusão, sexismo  ou preconceito. E sempre fui muito bem tratada», reconhece Cláudia Lopes.

«A minha carreira é fruto de uma gestão delicada em termos de relacionamento pessoal, mas também da capacidade de me impor, ser firme e utilizar a inteligência emocional. Nós, mulheres, sabemos que raramente o melhor caminho entre dois pontos é uma reta. Temos mais flexibilidade», assegura ainda.

Ainda assim, há sempre espaço para a aprendizagem. «Com os homens, temos a aprender a objetividade. O principal erro que as mulheres tendem a cometer é a excessiva emotividade que se pode transformar em fragilidade. Para vencer profissionalmente, a mulher deve servir-se da sua inteligência emocional e seguir um perfil sólido, afirmativo e decidido.  Esse equilíbrio é o caminho para o sucesso», afiança a jornalista.

Texto: Carlos Eugénio Augusto