A Associação SORRIR tem como missão promover e salientar a importância de sorrir para a saúde, não pela ausência de doença, mas enquanto bem-estar físico, mental e emocional.

O movimento O MAIOR SORRISO DO MUNDO nasce em 2013 para reforçar esta mensagem e representa alegria, amor, saúde e bem-estar.

Figuras públicas e empreendedores aderiram à causa e partilharam os seus testemunhos. Conheça a história de Carlos Moura.

O que é que o faz sorrir?

Carlos Moura: Existem diferentes sorrisos e alguns descambam em gargalhadas, esses são os que eu mais gosto. E esses são só com “coisas más”, como por exemplo: eu ou alguém que escorrega numa casca de banana (risos).

Acha que o sorriso é uma ferramenta?

Carlos Moura: É, e a prova é que neste momento o sorriso é ensinado como ferramenta de Marketing. A primeira coisa que se aprende numa loja de atendimento ao público é: “assim que entrar o cliente, sorria”. O que é um bocado triste, ter de se ensinar isso às pessoas.

Um estudo revelou que os portugueses estão a sorrir cada vez menos, acha que está diretamente relacionado com a crise?

Carlos Moura: As pessoas sorrirem menos significa que estão menos descontraídas, mais tensas, têm uma vida de que não gostam, andam mais stressados e isso descamba em más escolhas, escolhas políticas erradas. O que descamba em maus caminhos e numa crise. É um ciclo vicioso.
A crise pode estar a provocar isso, mas eu acho que é a mentalidade. A exigência de stress, a falsa noção de sucesso, dizer às crianças que sucesso é: “terem um carro topo de gama, um apartamento de luxo e roupas de marca”, só isso já é motivo para roubar sorrisos a gerações de pessoas, porque estamos a impor um nível de exigência que consome as pessoas e no fim do dia não marca qualquer diferença.

Que conselho dá aos portugueses que perderam o sorriso?

Carlos Moura: Parem de seguir conselhos. Parem de procurar livros de auto-ajuda, parem de procurar religiões, parem de procurar espiritualistas, parem de procurar gurus da felicidade. Acho que toda a gente se acomodou com a ideia de que pode ir a uma livraria comprar um livro de auto-ajuda e que vai sair uma pessoa mais zen, melhor e mais feliz. Percebam o que é que querem fazer, de quem é que gostam, do que é que gostam, têm de perceber porquê é que andam chateados e só depois disso é que devem ouvir conselhos. Primeiro devem construir os alicerces, que são individuais.

Qual é a solução para as pessoas que não conseguem desenvolver as ferramentas que precisam?

Carlos Moura: É desenvolver essas ferramentas. As pessoas têm sempre o “complicómetro” ligado e acham que a felicidade se alcança, a felicidade “é” e as pessoas ou são felizes ou não são felizes. Não é preciso ir numa jornada para a Índia com uma mochila às costas e passar seis meses a ouvir um guru. É tão simples como isto: queres ser feliz? Sê! E as pessoas vão dizer, ah isso é uma grande treta porque se isso fosse tão simples toda a gente era. As pessoas complicam, é um estado como qualquer outro. Queres ser uma pessoa curiosa? Sê. Queres aprender? Aprende. Só isso. Queres ser a rainha do drama? Sê. Não é preciso ir à procura de ninguém para seres uma pessoa nervosa ou desequilibrada. Para todos os outros estados não é necessária a ajuda de ninguém, então porquê é que é preciso a ajuda de um guru para encontrar a felicidade? Querem sorrir? Sorriam.
Se fores aos sítios que são considerados os piores no mundo, é aí que vais encontrar os sorrisos mais generosos e genuínos, porque essas pessoas sabem que são felizes com pouco.  Um dos maiores problemas da sociedade é as pessoas criarem expectativas.
Se criares expectativas baixas, qualquer degrau que subas, é uma conquista extraordinária e vai dar-te mais auto-estima, mais segurança, autoconfiança, vontade de seguires em frente e subires outros degraus.

Existe uma citação do Alexander Pope: “Feliz do homem que não espera nada, pois nunca terá desilusões”

Carlos Moura: E faz todo o sentido. É a mesma coisa na forma como educamos as nossas crianças. Não as educamos para quererem aprender, educamos as crianças baseado em expectativas. Aquela teoria de que precisas de ter um curso superior para seres alguém. Não, não tens! Apenas te ajuda se quiseres seguir aquele caminho.
As pessoas acham que é preciso ser feliz para ter um sorriso e eu acho que é preciso ter um sorriso para se ser feliz. Descompliquem, sorriam! As pessoas normalmente estão a tentar ser algo que viram num anúncio, chegar a algum sítio porque alguém disse que era por ali e estão a tentar viver uma vida que se calhar não tem o mínimo interesse e por isso vemos tanta gente com muito dinheiro e que são infelizes.