A Organização Mundial de Saúde considerou, em meados de 2011, que as consequências do acidente nuclear no Japão continuam a ser de baixo risco para a saúde pública, e não coloca quaisquer restrições nas viagens ao Japão.

A informação vinda a público, após os problemas na Central Nuclear de Fukushima, indicava ter havido fuga de isótopos de césio e iodo, podendo igualmente ter havido fuga de isótopos de nitrogénio e árgon.

Não havia evidência de fuga de plutónio ou urânio, muito mais perigosos por terem um tempo de semi-vida muito longo.

Os perigos de radiação para a saúde

As pessoas expostas diretamente a uma contaminação radioativa (por contacto, ingerida ou inalada) podem ter náuseas, vómitos, febre, diarreia, dores de cabeça e no corpo, fraqueza, falta de apetite. Face a altos níveis de radiação, os danos podem ser fatais. A médio e longo prazo, o maior risco do iodo radioativo é o de cancro da tiróide, e as crianças são potencialmente mais vulneráveis, porque a sua taxa de multiplicação celular é muito alta.

Os isótopos radioativos de césio, urânio e plutónio radioativos podem ser cancerígenos, mas não têm um órgão-alvo. O nitrogénio radioativo desaparece em segundos e não representa um problema de saúde, excepto para quem tenha sido afetado no momento da fuga radioativa. O árgon não constitui riscos para a saúde. O viajante que se desloque agora ao Japão não está em risco de contaminação direta, que só se verifica nas áreas de dezenas de quilómetros à volta do reator nuclear.

Perigo alimentar

Existe o potencial risco de contacto humano com material radioativo existente nos alimentos. Os locais onde poderá ter existido contaminação dos solos, se forem usados na agricultura, irão produzir produtos agrícolas radioativos. Logo após o acidente no reator foi confirmada a presença de radioatividade em alguns legumes e leite, sobretudo iodo radioativo, em concentrações superiores às estabelecidas pelas autoridades japonesas.

Também foi detetado césio radioativo. Sabe-se, porém, que os alimentos contaminados têm de ser consumidos durante muito tempo para existir risco para a saúde humana. As autoridades locais têm continuado a manter a vigilância sobre os níveis de radioatividade dos alimentos, e, neste momento, não existem restrições ao consumo de alimentos no Japão.

Prevenção com iodo? Não, obrigado

O organismo humano precisa de iodo para produzir as hormonas da tiróide.
Se houver absorção de iodo radioativo, ele é rapidamente captado pela
tiróide, onde pode provocar cancro. O organismo não sabe distinguir
entre iodo radioativo e iodo não-radioativo.

Tomar comprimidos de iodo
não-radioativo pode proteger a tiróide, ao saturar a capacidade de
captação pela glândula, mas não impede a entrada de iodo radioativo no
organismo, não protege outros órgãos nem reverte as agressões da tiróide
se já ocorreram.

Só existe indicação para a terapêutica preventiva com iodo nos casos de risco de exposição grave e súbita, após libertação de material radioativo e
antes de evacuação. Não há qualquer indicação nem necessidade de tomar
comprimidos de iodo no caso de viajantes que vão apenas percorrer o
Japão e não visitarão as zonas afetadas.

4 recomendações a seguir se visitar o Japão:

- Esteja consciente do risco de terramotos em todo o Japão.

- Evite viajar para as zonas mais afetadas pelo terramoto, tsunami e fuga radioativa.

- Esteja atenta à informação local e siga as instruções das autoridades locais.

- Registe os seus trajetos e dados de localização na respetiva embaixada ou consulado.

Texto: Jorge Atouguia (especialista em medicina do viajante)