O vírus do Nilo Ocidental é transmitido através da picada de mosquito. Ao contrário da maioria das infeções deste tipo, em que há uma ou duas espécies de mosquito envolvidas, aquele pode ser transmitido por mais de 50 espécies diferentes.

O reservatório da infeção é composto por aves, sobretudo migratórias. Os mamíferos (incluindo o homem) são habitualmente hospedeiros acidentais do vírus. Isto quer dizer que aquele se sente mais confortável em aves.

No entanto, na falta delas, haverá uma maior probabilidade de infeção humana. O período de incubação da doença é de três a 14 dias e, em cerca de 80 por cento dos casos, a infeção não apresenta sintomas. Nos restantes 20 por cento, pode haver um quadro febril ligeiro a moderado (febre, dores articulares e musculares, dores de cabeça, por vezes náuseas e vómitos, por exemplo) e que desaparece ao fim de uma semana.

A maioria das pessoas ou não valoriza os sintomas ou pensa que teve uma gripe. Apenas um por cento dos doentes terá os sintomas neurológicos que caracterizam os quadros graves (meningites e encefalites) e cerca de dez por cento acaba por falecer. As características epidemiológicas da febre do Nilo Ocidental mudaram no final dos anos da década de 1990. Embora existissem casos em África, na Ásia e na Europa, os surtos eram limitados e com baixa mortalidade.

No início do séc. XXI, a América do Norte foi atingida pela doença e, em três anos, quase todos os estados dos EUA tiveram casos com uma taxa de mortalidade elevada. Até ao final dos anos da década de 1990, Portugal teve dois casos diagnosticados, outros dois em 2004 e, em 2010, um novo caso. Não existe tratamento antiviral específico para a febre do Nilo Ocidental. As pessoas diagnosticadas com esta infeção são habitualmente tratadas com medicação de suporte, nomeadamente antiálgicos, hidratação e antipiréticos.

Surtos na Europa

Em 2010, este vírus circulou pela Europa, sobretudo no sul. Os surtos surgem geralmente em função das rotas das aves migratórias e da quantidade de mosquitos existente nos locais de passagem.

A epidemia na Grécia foi, talvez, a mais grave de sempre no Velho Continente. Morreram, até ao final de agosto de 2010, nove pessoas e foram diagnosticadas mais de 150 com a infeção.

Houve, certamente, dez vezes mais pessoas infetadas, mas que não desenvolveram a doença.

Como prevenir?

Não existe vacina contra este vírus, nem prevenção com medicamentos. Assim, deve evitar as picadas, com a utilização de roupas frescas, leves, mas que cubram o corpo, e de repelentes na pele exposta. Este tipo de medidas, com um carácter protector mais imperioso, apenas se aplica a zonas onde existe transmissão conhecida, com casos de doença humana.

Texto: Jorge Atouguia (médico infecciologista)