Conhecer os quatro cantos do mundo é um sonho antigo. Mas nem sempre este fascínio tem de ser caro, se seguirmos as indicações do mais famoso viajante espanhol da atualidade. Para Miquel Silvestre, viajar é partir à descoberta, sair de mota com a tenda às costas, dormir nos hotéis mais baratos e comer nas tasquinhas que os habitantes lhe indicarem. «São eles os melhores embaixadores de cada região», assegura.

Conversámos com este viajante que foge aos circuitos mais turísticos e aos hotéis de cinco estrelas. «Viajar de mota é a única maneira de viajar», considera. Para Miquel Silvestre, o meio de transporte que já o levou a mais de 70 países, é o mais épico e aventureiro de todos. Para além da liberdade de movimentos, suscita a curiosidade daqueles com quem se cruza. «As pessoas aproximam-se para a ver, fazem perguntas e assim é mais fácil falar comunicar e aprender», diz.

Adepto das viagens low cost, que marca com antecedência para conseguir os melhores preços, partilha algumas dicas para quem, em tempos de crise, pretende partir à descoberta. «O melhor sítio para viajarmos é sempre aquele onde moram os nossos amigos», defende. «Hoje em dia toda a gente conhece pessoas que emigraram para locais e países interessantes, o que torna tudo muito mais simples», refere.

Volta à Europa em modo de poupança

Quando o «circuito da amizade», como lhe chama, se esgota, Miquel Silvestre tem outros truques na manga. E graças a eles percorreu quase toda a Europa. Há alguns anos, uma revista de viagens espanhola lançou-lhe um desafio. Conhecer o maior número de capitais europeias de mota aos fins de semana e relatar a sua experiência. Aceitou a proposta e partiu de Barcelona até Zurique.

No domingo, regressou a Barcelona num voo low cost, passou a semana a trabalhar e na sexta-feira seguinte regressou à Suíça. Pegou na moto e partiu para Viena, onde estacionou novamente desde domingo à noite até sexta-feira. Com organização e seguindo este esquema, trabalhava em Barcelona durante a semana e regressava às cidades onde tinha estacionado a sua fiel amiga todas as sextas-feiras. Nas semanas seguintes, visitou Berlim, Amesterdão, Paris, Basileia, Munique, Veneza e Dubrovnik.

Para Miquel Silvestre viajar é o estilo de vida que escolheu. «Faço-o como escritor. Viajar permite-me ter uma visão direta sobre uma realidade muito diferente da do meu país e sobre um personagem fora de contexto, eu», assume. Deixou o seu emprego de escritório em 2008 e pensou em escrever romances, mas cedo percebeu que o mundo lá fora lhe daria enredos suficientemente interessantes para não precisar de inventar.

Veja na página seguinte: A sugestão para um fim de semana exótico

A sugestão para um fim de semana exótico

A realidade é uma fonte de inspiração marcante. «Cheguei a essa conclusão na minha primeira viagem à Toscana, em Itália. Foi uma experiência gastronómica e artística muito interessante», revela. Em apenas três anos, percorreu o deserto do Sahara e a Pérsia de mota, tendo timbrado o passaporte em todos os continentes.

«As viagens mais marcantes foram a África pelo duro que foi, à Ásia Central pela pureza e à América do Norte porque é igual àquilo que vemos nos filmes», descreve. Para passar um fim de semana repleto de exotismo a baixo preço, Miquel Silvestre recomenda Marraquexe, em Marrocos. A justificação não podia ser mais simples. «Desde Espanha, a viagem de avião é baratíssima e penso que a partir de Portugal também», refere. «Marrocos é um destino acessível em termos de comida e de alojamento», afirma ainda o motard espanhol.

Texto: Ana Catarina Pereira com Miguel Silvestre (viajante)