Todos os anos, chefs, jornalistas e críticos de gastronomia, proprietários de restaurantes e
gastrónomos de vários pontos do globo escolhem aqueles que consideram ser os 50 melhores restaurantes do mundo.

Este ano não foi exceção e a 30 de abril de 2012
foi divulgada em Londres a lista deste ano, num evento que reúne o melhor da gastronomia mundial.

William Drew, diretor
da revista Restaurant, responsável pela iniciativa, desvenda-nos o que está por trás destes prémios, os mais respeitados da área da
restauração. Os prémios The World's 50 Best
Restaurant existem desde 2003 e na sua
génese está a vontade «de celebrar e
reconhecer, entre pares, os melhores
restaurantes do mundo. A lista não foi
originalmente desenhada para ser um
guia para os consumidores, mas ficamos
muito contentes por a acharem credível
e útil», refere William Drew.

Um facto
pouco surpreendente se pensarmos
que a gastronomia nunca foi tão falada
como hoje e o diretor da Restaurant
tem uma explicação para isso. «É a
combinação de um crescente interesse
sobre o que se come, de onde vêm os
alimentos e a saúde, com o resultado de
uma comunicação global que faz com
que chefs e restaurantes se tornem de
forma rápida globalmente famosos. A
televisão também tem uma quota parte da culpa, porque tem promovido
a cozinha e a boa comida e, hoje,
também se come mais fora», diz.

Veja a GALERIA DE IMAGENS DOS MELHORES RESTAURANTES DO MUNDO

Veja na página seguinte: O que os chefs premiados pensam destes prémios

Reconhecimento público

Mas se o público dá relevância a
esta lista, os próprios restaurantes
não lhe ficam atrás e isto acontece,
de acordo com William Drew,
«porque são votados pela própria
indústria da restauração e os chefs e
os proprietários respeitam a opinião
dos seus pares».

Integrar esta lista é,
para a maioria dos restaurantes, «um
grande reconhecimento e recompensa
pelo árduo trabalho e claro também
é extremamente bom para o negócio.
Geralmente, o número de reservas
aumenta».

Em 2011, o
restaurante Nooma, na Dinamarca, foi
distinguido como o melhor do mundo,
seguido por El Celler de Can Roca,
Mugaritz, ambos em Espanha, Osteria
Franciscana, em Itália e The Fat Duck,
no Reino Unido.

Todos têm hipótese

Quando questionado sobre as
características que um restaurante deve
ter para integrar a lista, William Drew
diz não haver critérios predeterminados,
sendo a avaliação deixada ao parecer do júri. «Tudo depende das fantásticas
experiências, tão simples quanto isso.
Por exemplo, uma experiência interessante
num estabelecimento simples, onde se
descobre uma excecional inovação, pode ser
mais pontuada do que uma refeição opulenta,
num restaurante mais conhecido», realça o especialista.

«Qualquer
tipo de restaurante, servindo qualquer tipo
de cozinha e tendo qualquer ambiente, é
elegível», sublinha. Em 2012, foi introduzida uma nova
categoria, o prémio Slow Food, «para
destacar e recompensar o restaurante,
entre os 50 melhores, que melhor reflita
noções de tradição local, património,
sustentabilidade e faça renascer pratos
esquecidos».

Pastéis de nata

Na opinião de William Drew, um bom
restaurante é «qualquer um onde possamos
desfrutar». Embora se recuse a dar a conhecer
as suas preferências, «não me parece
apropriado revelar os meus restaurantes e
chefs preferidos», admite que recentemente
experimentou «ótimas refeições em Nova
Iorque, Londres e Estocolmo».

Quanto à
gastronomia portuguesa, William Drew
apenas lhe conhece a fama. «Já me disseram
que é extremamente boa, mas à exceção dos
pastéis de nata, que compro em Londres, não
experimentei muita coisa. Mas estou ansioso
por provar e vou fazê-lo, assim, que tiver
hipótese», diz.

Como se processam as votações

A lista é o resultado dos votos da The World's 50 Best Restaurant Academy. Conheça todo o processo:

- A Academia divide
o mundo em 27 regiões.
Cada uma tem um
presidente que escolhe
mais 30 votantes para
a academia regional,
que será constituída
aproximadamente por
1/3 de chefs, 1/3 de
jornalistas e críticos de
gastronomia e 1/3 de
gastrónomos que comem
nos restaurantes de topo
regularmente como parte
do seu trabalho ou estilo
de vida. Na totalidade
existem 837 votantes.

- Cada votante tem
sete votos, quatro para
restaurantes situados
nas suas regiões, três
para restaurantes fora
da sua região. Votam
por ordem da sua
preferência, baseados
no que consideram a
melhor experiência de
restaurante que tiveram.
Devem votar apenas
em restaurantes onde
comeram nos 18 meses
anteriores.
O resultado final é a
soma de todos os votos.

Texto: Rita Caetano com William Drew (diretor da revista Restaurant)