Ao longo de cinco longos anos, Dan Buettner,
investigador e escritor apaixonado por viagens, andou à procura
dos locais mais felizes do planeta.

Depois de ter analisado os vários rankings
de felicidade e de
bem-estar e de ter viajado quase ininterruptamente
pelo mundo fora selecionou quatro, a
Dinamarca, Singapura, Monterrey
(México) e San Luis Obispo, nos Estados
Unidos da América.

A sua investigação deu origem
ao livro «Thrive: Finding Happiness the
Blue Zone Way» (National Geographic) e,
em entrevista à saber viver, Dan Buettner
explica-nos as suas escolhas. Mas
também nos ensina a incorporar as
características que encontrou nesses
lugares no nosso dia a dia para sermos
mais felizes em qualquer parte do
mundo.

Ideias erradas

O investigador refere que «muitas vezes,
associamos a felicidade à beleza física, ao
sucesso financeiro e ao reconhecimento dos
pares», contudo, esta ideia não podia ser mais
estereotipada. Nas suas viagens, nas quais
contactou com a população local, Dan
Buettner constatou que a felicidade está diretamente
associada a outros aspetos.

«As
pessoas mais felizes possuem apenas o dinheiro
suficiente para cobrir as suas necessidades
e focam a sua energia no desenvolvimento
de redes de amizade, trocam o status
por um trabalho significativo, tiram pequenos
períodos de férias e têm hobbies enriquecedores.
Mantêm-se em forma, fazem voluntariado
e integram comunidades baseadas
na fé». Para o investigador, «a felicidade é
contagiosa, tal como a obesidade e o fumar.
Quando uma pessoa está feliz, os outros seguem
o exemplo».

Dinamarca feliz

Comecemos esta viagem pela Dinamarca.
Este país do norte da Europa é apontado
como um dos mais felizes nos vários rankings
que medem o grau de satisfação dos habitantes,
no entanto, Dan Buettner desmascara o
cliché de que o segredo da felicidade dos
dinamarqueses sejam as baixas expectativas. «Na verdade, têm expectativas muito altas.
Rodeiam-se de amigos de confiança e têm
tendência para se especializarem em carreiras
interessantes e trabalham com paixão, no
entanto, também têm tempo para se dedicarem
aos amigos, à família e a hobbies e integram
clubes comunitários».

Na Ásia

Segue-se Singapura, na Ásia. Para Dan
Buettner, «a segurança é o fator que mais
contribui para a felicidade dos singapurenses». Após ter entrevistado Lee Kwan Yew,
que liderou o país por 31 anos e é considerado
o cérebro da prosperidade e do bem-estar
de Singapura, o jornalista percebeu que «a
felicidade máxima não é sinónimo de liberdade
máxima». Em Singapura, a harmonia
étnica é um dos aspetos que mais contribui
para o bem-estar dos habitantes, tal como a
organização e a limpeza da cidade.

Êxito mexicano

Apesar da má nutrição, da falta de educação,
altos níveis de corrupção, desenvolvimento cívico escasso e uma governação
questionável, Monterrey, no estado mexicano
de Nuevo León, é a cidade mais feliz
do continente americano. Durante a sua
pesquisa, Dan Buettner verificou que isto
se deve a vários fatores culturais e geográficos,
«incluindo o bónus do sol (um
termo que os estatísticos usam para explicar
os altos níveis de felicidade nas áreas
com muito sol), um sentido de humor
único que ajuda a ultrapassar o stress, a
preferência cultural pela interação social e
familiar em vez da acumulação de riqueza
e elevados (e pouco comuns) níveis de
religiosidade».

Veja na página seguinte: O sonho americano

Sonho americano

San Luis Obispo, uma cidade da Califórnia,
tem o nível de
bem-estar mais elevado dos
Estados Unidos de acordo com o
Gallup-Healthways Well-being Index.

Dan Buettner
explica porquê. É o exemplo de que «a comunidade
americana pode mudar proativamente
para criar um ambiente onde as pessoas
vivem mais felizes».

Para além dos espaços
verdes, a cidade «apoia a arte, favorece
os peões, facilita o autoemprego e a sua praça
principal é um ícone de orgulho cívico e
um lugar de encontro dos cidadãos».

Em viagem

Sabia que viajar é das melhores coisas
para estimular a felicidade? «A excitação
proveniente de um novo objeto dura menos
de um ano, enquanto as memórias de
umas férias de sonho ou a experiência de
aprender uma nova competência é duradoura», defende Dan Buettner. O investigador
lembra que várias pesquisas mostram
que a felicidade associada às férias
aumenta com a antecipação.

«Logo, se
tem 15 dias de férias, pode aumentar a sua
satisfação planeando três períodos pequenos
em vez de um apenas. Depois, ver
fotos e filmes das viagens traz sempre memórias
positivas e mesmo umas férias más
são uma experiência para recordar e uma
história divertida para partilhar».

Imitar felicidade

Se escolher viajar até aos quatro locais
mais felizes do mundo, contacte com a
população e sinta tudo aquilo que o investigador
descreve. No entanto, lembre-se que, como Buettner afirma, «cerca de
55 a 60 por cento da sua felicidade diária
está dependente de si», ou seja, pode imitar
os habitantes dos locais mais felizes na
sua própria cidade.

O autor não tem dívidas. O segredo para a felicidade
são pequenas mudanças, mas permanentes,
que pode aplicar no seu quotidiano, nomeadamente:

- Encontrar o trabalho certo preferencialmente
perto de casa
- Viver num
ambiente tranquilo
- Socializar, pelo menos,
sete horas por dia
-Desenvolver o interesse
por arte e desporto
-Ter apenas
uma televisão em casa e dedicar apenas
uma hora a essa atividade

De malas feitas

Dan Buettner diz-lhe como
ser mais feliz quando viaja:

- Comece a planear a viagem cedo para
obter todo o prazer que advém do
planeamento.

- Quando planear as atividades, pense
na qualidade e não quantidade.
A memória não tem a capacidade
para recordar a experiência inteira,
foca-se no melhor e nas últimas
coisas que fizermos.

- Faça uma viagem com um intuito
de aprender alguma coisa. Obtemos
prazer quando aumentamos as
nossas competências.

- Passe tempo com quem mais gosta.
Isso é mais importante que o local
para onde viaja.

Texto: Rita Caetano com com Dan Buettner (investigador)