Foi um bispo da Guarda, D. João de Mendonça, que viveu entre 1711 e 1736, que encomendou e provavelmente orientou as obras do Jardim do Paço Episcopal de Castelo Branco. Mais tarde, já no fim do século XVIII, o segundo bispo da diocese da cidade, D. Vicente Ferrer da Rocha, fez ali obras de algum relevo. Em 1911, o jardim passa para as mãos da autarquia local por arrendamento e, em 1919, é adquirido a título definitivo.

Este jardim barroco, em forma retangular, que muitos portugueses ainda não conhecem, apesar dos muitos elogios dos que já lá estiveram, é dominado por balcões e varandas com guardas de ferro e balaústres de cantaria. Apresenta cinco lagos, com bordos trabalhados, nos quais estão instalados jogos de água. No patamar intermédio da Escadaria dos Reis, existem repuxos e jogos de água surpreendentes.

O jardim barroco que o bispo da Guarda mandou construir em Castelo Branco
O jardim barroco que o bispo da Guarda mandou construir em Castelo Branco
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Por entre os muitos canteiros de buxo que lá existem erguem-se simbólicas estátuas de granito, em que se destacam "Novíssimos do Homem", "Quatro Virtudes Cardeais", "Três Virtudes Teologais", "Signos do Zodíaco", "Partes do Mundo", "Quatro Estações do Ano", "Fogo" e "Caça".

Dispostos à maneira de escadório, encontram-se representados os apóstolos e os reis de Portugal até D. José I. No patim superior, encontram-se estátuas alusivas ao Antigo Testamento e à simbologia da água como elemento purificador.

O Jardim Alagado, tanque floreado de curvas bem delineadas e canteiros de flores, tem ao centro um repuxo de cantaria por três golfinhos entrelaçados e encimados por uma coroa. O acesso é feito pela rua Bartolomeu da Costa. Nos meses de abril a setembro, o jardim está aberto entre as 09h00 e as 19h00. Entre outubro e março, encerra às 17h00. Os preços variam oscilam entre 1 € e 2 €. As crianças e os estudantes não pagam.

A intervenção de restauro que foi feita

O interesse e curiosidade da iconografia do conjunto escultórico resulta do facto de haver uma aliança singular entre o universo religioso e universo panteísta. Este jardim beneficiou de uma profunda e complexa intervenção de restauro e conservação, no âmbito do Programa Polis, a nível de tratamento de vegetação, reintrodução de espécies vegetais originais, recuperação dos sistemas de águas, iluminação cénica e drenagem.

A intervenção levada a cabo na altura contemplou também na limpeza da cantaria e recolocação de estátuas nos locais originais, recuperação dos muros e do tanque principal, sob a Cascata de Moisés, outra das atrações deste locais. Durante a intervenção foi descoberto o sistema hidráulico perfeitamente intacto, construído em 1725. Nessa altura, procedeu-se à sua conservação e restauro.

Os muros de azulejos que pode admirar

Os muros delimitadores do Jardim do Paço Episcopal de Castelo Branco apresentam painéis de azulejo figurativo, monocromo, azul sobre fundo branco, representando várias vistas de Castelo Branco, da antiga quinta e do bosque e da Capela de São João com o respetivo cruzeiro. Aparecem, ainda, painéis de azulejo retilíneos, com os ângulos curvos, emoldurados a cantaria e a faixa cerâmica, a representar os desenhos de Castelo Branco.

Foram efetuados por Duarte de Armas, no século XVI, bem como a representação do bispo D. João de Mendonça. Também apelidado de Jardim de São João Baptista, é um espaço que convida à fruição. "Na cultura ocidental, o conceito bíblico do éden serviu de matriz, ao longo dos tempos, a inúmeras propostas de jardins. Daí que o jardim seja considerado uma evocação, ainda que imperfeita, do paraíso na terra", elogia a autarquia.

O deslumbrante jardim de Castelo Branco que a maioria dos portugueses desconhece