O Jardim Botânico de
Lisboa foi inaugurado
em 1878, tendo começado a ser plantado cinco anos antes.

Os professores Conde de Ficalho e Andrade Corvo foram os mentores deste projecto que tinha como objectivo a criação de um jardim científico, espaço de ensino universitário e de investigação científica.

Na realidade, o espaço escolhido no Monte Olivete já tinha dois séculos de tradição no estudo da botânica, desenvolvido no Horto Botânico do colégio jesuíta da Cotovia. Como espaço de apoio ao ensino da botânica na Escola Politécnica, tornou-se num jardim com três áreas: a zona da Classe, das Monocotiledónias e o Arboreto.

No patamar superior, situa-se a Classe onde se encontram as principais famílias das dicotiledónias. Apesar de se ter perdido o seu traçado inicial, pensado pelo primeiro jardineiro mestre Edmund Goeze, é possível compreender-se como teria sido tendo em conta a zona das monocotiledónias.

Já no patamar inferior, fileiras baixas de bustos envolvem os canteiros onde se plantam as espécies para estudo. Neste patamar também se desenvolve a zona do Arboreto em grandes canteiros com formas orgânicas rasgados por caminhos sinuosos e animados com lagos e cascatas ao gosto romântico.

Nesta zona plantaram-se todas as espécies que foram sendo recolhidas em expedições realizadas pelos
jardineiros-mestres E. Goeze e Jules Daveau. Encontramos plantas dos mais diversos continentes e ilhas, destacando-se as cicadáceas, palmeiras e figueiras tropicais como verdadeiros ex-libris do jardim.

A professora Teresa Antunes, responsável pela manutenção desta colecção viva, sublinha que o facto destas plantas crescerem ao ar livre e não em estufas (como acontece na maior parte dos jardins botânicos), demonstra o clima ameno de Lisboa. A topografia do local permitiu o desenvolvimento de verdadeiros microclimas, garantindo árvores bem adaptadas que frutificam continuamente.

A identificação, propagação e conservação das espécies são funções de qualquer jardim botânico. Daí a existência de um viveiro, banco de sementes e herbário, todos iniciados no século XIX. A base de dados do herbário pode ser consultada em www.brotero.politecnica.ul.pt.

Em breve será possível ter-se conhecimento das cerca de 1493 espécies do jardim (inventário em actualização). Enquanto espaço de aprendizagem desenvolvem-se múltiplas actividades direccionadas tanto ao público
pré-escolar como ao universitário. Enquanto espaço de lazer e cultural, o jardim tende a alargar a sua missão exibindo exposições temporárias que permitem uma directa ligação com a arte.


Veja na página seguinte: O que pode ver neste espaço de recolhimento e contemplação

Esculturas de ar livre

Independentemente da época e da civilização, o jardim é, por natureza, um espaço de recolhimento e contemplação.

A natureza, quer seja no seu estado selvagem (campo) como no manipulado (jardim), desperta-nos os sentidos e proporciona-nos tranquilidade.

Passear e estar na natureza é contactar com seres em ambientes que nos agradam e dão prazer, no fundo, é dar tempo a nós próprios.

Se aprofundarmos a nossa ligação com a natureza, e repararmos como o nosso íntimo está protegido nesta relação, podemos ser levados pela criatividade, inspirados nas belezas espontâneas. É desta relação que surgem as exposições Olhares Intimistas – Autoretratos e Olhares – Esculturas de ar livre.

Exposições dos alunos finalistas (2007/8) do curso de escultura da Faculdade de Belas-Artes de Lisboa que estiveram patentes no Jardim Botânico de Lisboa até ao passado dia 11 de Março de 2009. Há já alguns anos que os alunos de escultura são incentivados a pensar os seus trabalhos finais para um espaço verde do município de Oeiras.

Desde 2007 as peças são transferidas num segundo momento para o Jardim Botânico de Lisboa. As 29 peças estavam espalhadas pelo jardim, sendo a única restrição qualquer tipo de intervenção na natureza que danifique as espécies.
Na rubrica Jardins com história, tenho vindo a descrever como é que em determinados períodos históricos os jardineiros-mestres, arquitectos ou encomendadores exploraram os seus jardins.

Para ornamentar e criar espaços próprios, serviram-se da própria natureza, da estatuária ou arquitectura. Neste artigo, decidi descrever algumas esculturas e árvores que seleccionei e suspender qualquer tipo de descrição técnica ou crítica de arte. Estas esculturas são obras contemporâneas pensadas para serem apreciadas por todos nós, público contemporâneo.

Se a exposição dos auto-retratos pressupõe, como o próprio nome indica, Olhares intimistas, já as Esculturas de ar livre são olhares sobre o jardim. Pelas palavras do artista Bruno Nordlund, "uma reflexão sobre o seu estado, as suas necessidades, as suas ameaças, as suas dificuldades".

Pretende-se que o leitor se deixe estimular pelas imagens e procurar as esculturas para desenvolver o seu próprio olhar. Ou simplesmente, passear por um jardim – contemplar a natureza e desfrutar da sua tranquilidade, deixando-se surpreender pelas belezas da Primavera.


Jardim Botânico – Museu Nacional
de História Natural

Rua da Escola Politécnica, 58
Área: 4 ha
Horários: Aberto todo o ano excepto no dia de Natal e de Ano Novo. O horário varia consoante a estação do ano.
Entrada gratuita para crianças até 6 anos e funcionários ou estudantes da Universidade de Lisboa.

Texto: Diana Pereira