A Terra Prometida é uma parte do planeta que desde há milhares de anos tem sido um local de cruzamento de culturas e de religiões, um cenário de guerras e batalhas, de invasões, que assistiu ao apogeu e queda de civilizações, por onde passaram profetas e santos.

Por tudo isso tem sido cobiçada ao longo dos tempos por povos que a tentaram conquistar por via de algum tipo de legitimidade divina. A parte mais disputada foi desde sempre o território hoje ocupado por Israel, de que Jerusalém é o epicentro. É em busca das tradições gastronómicas desta “Terra”, especialmente as judaicas, que hoje vamos.

A cozinha destas bandas, seja ela servida à mesa de Judeus, Cristãos ou Muçulmanos, tem muitos paralelos, como as suas religiões têm, quer se queira ou não ter essa consciência. As origens das tradições culinárias do Médio Oriente perdem-se nos tempos, sendo uma manta de retalhos alimentar formada por partes vindas de África, Ásia e Europa, e também com muitas influências de culturas como a Romana e a Grega.

A alimentação era em tempos antigos baseada em 7 alimentos (azeitonas, figos, tâmaras, romãs, trigo, cevada e uvas) que estavam presentes em quase todos os pratos. Hoje eles ainda lá estão e continuam a ser muito importantes, mas a cozinha israelita não está cristalizada, muito pelo contrário, continua numa evolução alicerçada nas próprias características de migração do povo judeu.

As variações gastronómicas que aconteceram ao longo das últimas décadas neste canto do mundo têm essencialmente a ver com as tradições e ingredientes que os judeus da diáspora trouxeram das terras distantes de onde regressaram para povoar Israel. Sefarditas ou Asquenazes, vindos dos Estados Unidos, Rússia, Marrocos, Polónia ou de França, todos trouxeram um pouco dos seus países de origem para a Terra Prometida, contribuindo para enriquecer a gastronomia de Israel.

A mais tradicional (em Israel como um pouco por todo o Médio Oriente) forma de ter uma refeição é no sistema “Meze”, que é um festim de petiscos (sempre mais de 10 mas até 20) que inclui invariavelmente clássicos como Falafel, Hummus, Couscous e Shakshouka. Em restaurantes mais contemporâneos, são também servidas “tapas” mais cosmopolitas, podendo haver ceviche, saladas com abacate, carnes marinadas, legumes com tahini, e outras deliciosas inovações. É uma forma deliciosa de ter uma refeição.

Um dos elementos mais marcantes das tradições alimentares israelitas serve-se à mesa do pequeno-almoço. Os inícios do dia em Israel são mais fartos do que em qualquer outro país onde já estive. Se estiver num hotel de qualidade terá à sua disposição um banquete de mais 60 pratos diferentes, desde uma enorme variedade de legumes, saladas, carnes frias, queijos de todos os tipos, peixes marinados, para além dos tradicionais Shakshouka e companhia. Chamar-lhe “pequeno-almoço” é um dos maiores eufemismos do mundo, este é realmente um “gigante-almoço”. Seria por si só um motivo para visitar Israel, mas descansem porque há muito outros que fazem uma viagem a este país prometido uma experiência inesquecível.