Em portugal, cerca de 15 mil pessoas sofrem de doença inflamatória do intestino (DII), uma designação que abrange vários distúrbios crónicos que envolvem o aparelho digestivo, sendo os principais a doença de Crohn e a colite ulcerosa.

Embora possam surgir em qualquer idade, o «grande pico acontece na faixa dos 20 a 25 anos», diz Ana Sampaio, presidente da Associação Portuguesa de Doença Inflamatória do Intestino (APDI).

«Muitas vezes estes jovens isolam-se porque nem sempre querem dizer que têm a doença e porque os pais os tratam como crianças», afirma. Para lhes mostrar uma forma mais positiva de viverem com a doença, as associações da área propõem experiências de intercâmbio, como as que foram promovidas na Holanda e em Portugal em 2010 e 2011.

O testemunho de quem experimentou

«Foi surpreendente ver a quantidade de jovens de diferentes países com a mesma doença que eu». As palavras são de Sofia Moura, de 19 anos, que participou no  primeiro acampamento europeu de jovens com DII e cujo testemunho foi incluído num Boletim Informativo da APDI, juntamente com o dos outros dois portugueses participantes.

A experiência teve lugar em agosto de 2010 em Apeldoorn, na Holanda e terá continuidade em 2011 em Voorthuizen, no mesmo país. A aposta nos campos de férias para adultos, adolescentes e crianças com DII toma forma num projeto chamado «Esc», promovido pelo EYG, o grupo de trabalho «de jovens e para jovens» da European Federation of Crohn's and Ulcerative Colitis Associations, que apoia as associações nacionais de DDI na promoção dos seus próprios campos de férias.

Aceitar o repto

Nos dias 2 e 3 de julho de 2011 teve lugar, em
Montargil, o primeiro encontro do género em Portugal, dirigido a
portadores de DII com idades entre 18 e 25 anos, que puderam ir acompanhados por familiares e/ou amigos, portadores ou não da doença.

O
objetivo «não é dizer-lhes mais uma vez o que têm que fazer, mas
transmitir a mensagem faz o que o jovem que tens ao teu lado também
faz», diz Ana Sampaio, presidente da associação promotora. Estas atividades servem para «falar da doença e trocar
experiências».

Esta iniciativa também incluiu «workshops de culinária para desmitificar a
ideia de que só podem comer alguns alimentos» e atividades radicais,
«para conviverem e não pensarem não posso exigir isso do meu corpo». Com
prognóstico imprevisível e sintomas desagradáveis, a doença
inflamatória do intestino afeta a qualidade de vida. «Nos momentos de
crise, os jovens podem ter alguma dificuldade em gerir o dia a dia e ter
que se ausentar da escola. No entanto, seguindo as indicações médicas,
podem levar uma vida igual à de qualquer outro jovem», afirma a
responsável.

As duas principais doenças inflamatórias do intestino

- Doença de Crohn
Pode afetar qualquer parte do tubo digestivo, sobretudo o intestino delgado.  Evolui por períodos de agravamento e remissão.

- Colite ulcerosa
Afeta a camada interna que reveste o intestino grosso (cólon), esta fica inflamada e apresenta feridas na superfície (úlceras) que podem sangrar. Agudiza de tempos a tempos.

Para saber mais sobre esta ou outras iniciativas da APDI, visite o site desta associação em www.apdi.org.pt.

Texto: Rita Miguel com Ana Sampaio (presidente da Associação Portuguesa da Doença Inflamatória do Intestino)