Estive recentemente na Grécia e descobri um dos países mais fascinantes que alguma vez visitei, também no ponto de vista gastronómico. “Vi-me grego” para partir de tanto que gostei.

O meu destino foi Mykonos, uma ilha famosa pela sua “onda”, pelas raves na praia, pelo ambiente de liberdade, sofisticação e descontração. Confirmou-se isso mas muito mais. Mykonos é um dos ex-libris da Grécia, um país onde o turismo, mais ainda que Rei, é Deus, ocupando um lugar de destaque no novo Olimpo. A ilha tem muito para oferecer, atraindo jovens à procura de alguma loucura mas também famílias, figuras públicas, artistas, milionários, também alguma dose de “gays”, que encontram aqui um ambiente assumidamente descomplexado. Mykonos já não é a “sua” ilha, como foi no passado, sendo esta comunidade apenas mais uma das que habitam e visitam este pequeno paraíso no Mar Egeu. Mas falemos de mesa, que é isso nos move. A maior lição que retirei da minha estadia foi a de que os gregos vivem à mesa e pela mesa, fazendo-o com uma intensidade absolutamente delirante que lhes vem da sua essência mediterrânica. Arrisco-me a dizer que apenas em Itália encontrei algo semelhante.

Seja num restaurante, em casa, ou numa festa, a “mesa” é um palco vibrante onde os gregos libertam todas as suas emoções e alegrias. Grita-se, ri-se, chora-se, abraça-se, discute-se, dança-se… tudo à mesa, em muitos casos até em cima da mesa. É o caso de alguns restaurantes que conheci em Mykonos, onde de repente os clientes saltam das cadeiras e começam a dançar ao ritmo de músicas tradicionais, numa euforia catalizada pelo bem que comeram e beberam, principalmente o doce e licor Mastiha, e as deliciosas Egloskas, feitas com Zivana.

A cozinha grega é uma das mais ricas da Europa, provado pelo facto de existirem restaurants gregos espalhados pelo mundo. É uma cozinha mediterrânica por excelência, que utiliza muito azeite (e azeitonas), vegetais (tomate, cebola, alho, couve, pepino, beringela), peixe e outros produtos do mar, carnes de porco e borrego.

Em género de roteiro, posso sugerir os pontos por onde me “perdi”:

-Namos: Na praia de Psarou, este é um dos restaurantes de pé na areia mais famosos do Mundo, onde a cada dia se podem ver estrelas de cinema, designers de moda, milionários e até comuns mortais como eu. É um restaurante louco e lindo, onde é impossível não acabar a dançar.

-Sea Satin Market: Um fenómeno de animação junto aos moinhos de Little Venice. Um terraço sobre o mar senta centenas de pessoas que começam a comer peixe grelhado e acabam numa alegria contagiante a cantar e dançar “as if there is no tomorrow”.

-Christos: Na praia de Ayios Ioannis, um restaurante tranquilo que serve os melhores peixes e mariscos da ilha. Christos, um lobo do mar cipriota casado com uma encantadora Chilena, recebe os seus amigos com um sorriso franco e cativante.

-Uno con Carne: No meio do labirinto da velha Mykonos, este restaurante argentine, cujo dono é o afável Michalis, é um excelente spot para jantar ou beber um copo.

Do que se come posso destacar o Souvlaki (uma espetada de carne que muitas vezes é servida dentro de um pão pita com molho e vegetais), a famosa salada grega (que na Grécia sabe ainda melhor), a surpreendente Taramosalata (pasta feita com ovas), o Tzatziki (dip de iogurte, pepino e alho), os Gigantes (gigantes de sabor, feitos com feijões assados e tomate), a Moussaka (um dos pratos gregos que o mundo adoptou), o delicioso Pastitsio (espécie de lasanha grega), e os deliciosos Loukoumades (bolas de massa fritas, tipo fartura, regadas com mel e polvilhadas com canela).

Estes são pratos que sabem naturalmente bem, mas que temperados com a alegria de uma mesa grega se tornam viciantes e irresistíveis. É que comer é muito mais do que o acto de nos alimentarmos, comer é uma forma de estarmos, de vivermos, de celebrarmos, de seduzirmos, de interagirmos com quem queremos, seja a dois ou a vinte. Na Grécia é assim que se “come” e que bom que é. A repetir…